A renda dos muito ricos cresceu, nos últimos anos, a um ritmo até 3 vezes maior que a média registrada por 95% dos brasileiros. Os dados estão em nota técnica elaborada pelo economista Sérgio Gobetti e publicada pelo Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O economista usou dados da Receita Federal e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para comparar a renda média em 2017 e 2022 de 4 estratos sociais: o milésimo (0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da população adulta (com 18 anos ou mais de idade).
Conforme a nota técnica, “o que se vê é que, além dos mais ricos terem, em média, maior crescimento de renda do que a base da pirâmide, a performance é tanto maior quanto maior é o nível de riqueza”.
A maioria da população adulta teve um crescimento de renda médio de 33% no período de 5 anos. Entre as 15.000 pessoas que compõe o 0,01% mais rico, o crescimento foi de 96%.
A renda do 1% mais rico do Brasil passou de 20,4% para 23,7% de 2017 a 2022. Entretanto, mais de ⅘ dessa concentração adicional de renda foi absorvida pelo milésimo mais rico. Segundo os dados, 153 mil adultos viram sua renda média mensal ir de R$ 236 mil em 2017 para R$ 441 mil em 2022.
Para pertencer ao 0,1% mais rico, conforme a nota técnica, deve-se ter uma renda de pelo menos R$ 140 mil mensais. Já para pertencer ao 1% mais rico, a renda necessária é superior a R$ 30.000. Para pertencer aos 5% mais ricos, são necessários R$ 10.000 mensais.
“Mais importante, porém, do que ajudar a definir quem é ou não rico (e em relação a quem), os resultados da análise com base nos dados do IRPF servem de alerta sobre o processo de reconcentração de renda no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem para isso – os rendimentos isentos ou subtributados que se destacam como fonte de remuneração principal entre os super ricos”, diz o texto.