Por David Morgan e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira por margem estreita um projeto de lei para aumentar o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo que inclui cortes de gastos abrangentes na próxima década.
Não se espera que o projeto de lei seja aprovado no Senado, e o presidente Joe Biden o vetaria se isso acontecesse -- mas a votação majoritariamente partidária de 217 a 215 representa uma vitória para o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, em uma questão que tem abalado investidores e mercados.
Agora, McCarthy espera atrair Biden para negociações sobre corte de gastos, mesmo quando a Casa Branca e os democratas do Congresso insistem em um aumento do limite da dívida sem restrições.
O Departamento do Tesouro dos EUA pode ficar sem meios de pagar suas contas em questão de semanas se o Congresso não agir, e os mercados financeiros já estão dando sinais de alerta. Um impasse em 2011 levou a um rebaixamento da classificação de crédito do governo, o que aumentou os custos dos empréstimos e prejudicou os investimentos.
"Fizemos nosso trabalho", disse um vitorioso McCarthy a repórteres logo após a votação. "Os republicanos elevaram o limite da dívida. Vocês não. Nem Schumer", acrescentou McCarthy, referindo-se a Biden e ao principal democrata do Senado, Chuck Schumer.
McCarthy superou profundas divisões entre os republicanos da Câmara para que o projeto fosse aprovado. Em seguida, vem a tarefa muito mais desafiadora de tentar negociar um acordo com os democratas sem perder o apoio de alguns de seus correligionários republicanos mais conservadores.
McCarthy pediu a Biden que inicie negociações sobre um aumento do limite da dívida e um projeto de corte de gastos e que o Senado aprove o projeto da Câmara ou aprove o seu próprio.
O projeto de lei da Câmara aumentaria o poder de empréstimo de Washington em 1,5 trilhão de dólares ou até 31 de março, o que ocorrer primeiro, levantando o espectro de outra rodada de negociações durante a campanha presidencial de 2024. O projeto reduziria os gastos para os níveis de 2022 e então limitaria o crescimento a 1% ao ano, revogaria alguns incentivos fiscais para energia renovável e endureceria as exigências de trabalho para alguns programas antipobreza.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que Biden não aprovaria tais cortes.
"O presidente Biden nunca forçará as famílias de classe média e trabalhadora a arcar com o ônus dos cortes de impostos para os mais ricos, como faz este projeto de lei", afirmou ela em um comunicado. "O presidente deixou claro que este projeto de lei não tem chance de se tornar lei."