Por Peter Nicholls e Gerry Mey
DOVER, Inglaterra (Reuters) - Caminhoneiros confrontaram policiais e tocaram as buzinas em protesto nos arredores do porto inglês de Dover, à medida que um bloqueio parcial montado pela França para conter uma variante altamente infecciosa do coronavírus revoltou milhares de pessoas retidas antes do Natal.
Na noite de terça-feira, França e Reino Unido combinaram que caminhoneiros com exames negativos de Covid-19 poderão embarcar nas balsas que partem de Calais nesta quarta-feira, depois de grande parte do mundo fechar as fronteiras ao Reino Unido para barrar a nova variante, que é uma mutação do vírus.
Um ministro britânico disse que os militares começarão a examinar os motoristas, mas que acabar com o acúmulo exigirá tempo, o que prejudica a rota de suprimentos de alimentos mais importante do Reino Unido poucos dias antes de o país se desfiliar da União Europeia.
Filas enormes de caminhões se formaram em uma estrada que leva ao Eurotúnel e a Dover, no condado de Kent, no sudeste, e outros estacionaram no antigo aeroporto próximo de Manston.
Imagens de televisão mostraram caminhoneiros tocando as buzinas e piscando luzes em uníssono para protestar.
Em meio aos ânimos exaltados em Dover, houve atritos entre motoristas revoltados por não poderem voltar para casa antes do Natal e um número pequeno de policiais.
A Associação de Frete de Estradas (RHA), que estimou haver até 10 mil caminhões retidos em Kent, disse que a situação é caótica e que o sistema de exames ainda não está pronto.
"O que temos esta manhã são caminhoneiros muito, muito bravos em Dover", disse Rod McKenzie, diretor-gerente de diretrizes da RHA, à BBC TV. "Eles estão cansados, frustrados, querem desesperadamente ir para casa para o Natal".
Normalmente, entre 7.500 e 8.500 caminhões viajam através do porto todos os dias, mas este volume passou de 10 mil recentemente.
Parte do tráfego adicional foi resultado da demanda natalina, mas muitos estão no país para entregar mercadorias a empresas que estão armazenando itens antes de o Reino Unido deixar a UE em 31 de dezembro – uma medida que se acredita que causará mais transtornos em janeiro, quando uma fronteira alfandegária plena entra em vigor.
O Consórcio Varejista Britânico, um grupo de lobby da indústria, alertou que, até que o acúmulo de caminhões seja liberado e as cadeias de suprimento voltem ao normal, pode haver problemas com a disponibilidade de alguns produtos frescos.
(Reportagem adicional de James Davey)