MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse nesta quinta-feira que é impossível discutir o controle de armas nucleares com os Estados Unidos sem levar em conta a situação na Ucrânia, acusando Washington de buscar o domínio militar.
O ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou em uma entrevista coletiva que Washington havia proposto separar as duas questões e retomar as negociações de "estabilidade estratégica" entre os dois países, que detêm, de longe, os maiores arsenais nucleares do mundo.
Mas Lavrov disse que a proposta era inaceitável para a Rússia por causa do apoio do Ocidente à Ucrânia na guerra que agora se aproxima do final de seu segundo ano.
A ausência de diálogo é significativa porque o acordo New Start, que limita as ogivas nucleares estratégicas de ambos os lados, expira em fevereiro de 2026. Seu término deixaria os dois países sem nenhum acordo de armas nucleares remanescente em um momento em que as tensões entre eles estão no ponto mais alto desde a crise dos mísseis cubanos de 1962.
"Não vemos o menor interesse por parte dos Estados Unidos ou da Otan em resolver o conflito ucraniano e ouvir as preocupações da Rússia", disse Lavrov.
Ele acusou o Ocidente de pressionar a Ucrânia a usar cada vez mais armas de longo alcance para ataques nas profundezas da Rússia. Esses ataques se intensificaram nas últimas semanas, incluindo um ataque à cidade de Belgorod, no sul do país, que matou 25 pessoas em 30 de dezembro.
Lavrov não forneceu evidência para sua afirmação de que o Ocidente estava incentivando a Ucrânia a realizar tais ataques, mas acusou os Estados Unidos de buscar superioridade militar sobre a Rússia.
Não há motivos para discutir o controle de armas enquanto o Ocidente estiver conduzindo o que ele descreveu como "guerra híbrida" contra Moscou, disse ele.
"Não rejeitamos essa ideia para o futuro, mas condicionamos essa possibilidade ao abandono, por parte do Ocidente, de sua política de minar e não respeitar os interesses da Rússia", declarou Lavrov.
(Reportagem da Reuters)