Por Polina Devitt e Gabrielle Tétrault-Farber
MOSCOU (Reuters) - A Rússia registrou o primeiro caso de uma cepa do vírus da gripe aviária A (H5N8) transmitida a humanos e já informou a Organização Mundial de Saúde (OMS), disse Anna Popova, neste sábado, chefe do orgão de controle da saúde dos consumidores Rospotrebnadzor.
Surtos da cepa H5N8 foram relatados na Rússia, Europa, China, Oriente Médio e norte da África, mas apenas em aves. Sabe-se que outras cepas - H5N1, H7N9 e H9N2 - se propagam em seres humanos.
A Rússia comunicou o caso de infecção humana à OMS “há muitos dias, quando estávamos absolutamente seguros dos nossos resultados”, disse Popova, na emissora estatal de televisão Rossiya 24. Ela acrescentou que, até o momento, não havia indícios de transmissão entre humanos.
O braço europeu da OMS disse em comunicado por e-mail que foi notificado pela Rússia sobre um caso de infecção humana pelo H5N8 e reconheceu que, se confirmada, seria a primeira vez que a cepa infectaria pessoas.
"Informações preliminares indicam que os casos relatados foram de trabalhadores expostos a bandos de pássaros", disse. “Eles eram assintomáticos e nenhuma transmissão de humano para humano foi relatada".
"Estamos discutindo com as autoridades nacionais para reunir mais informações e avaliar o impacto desse evento na saúde pública", acrescentou o e-mail.
A maioria dos contágios de gripe aviária em humanos é relacionada ao contado direto com aves vivas infectadas ou mortas, embora alimentos devidamente cozidos sejam considerados seguros.
Os surtos de gripe aviária geralmente fazem com que as fábricas avícolas façam abates de suas aves para evitar a propagação do vírus e que os países importadores tenham que impor restrições comerciais.
A grande maioria dos casos se propaga por meio de aves silvestres migratórias, de modo que os países produtores tenham que manter suas aves protegidas do contato com a vida selvagem.
Sete trabalhadores de uma fábrica avícola no sul da Rússia foram infectados com a cepa H5N8 quando ocorreu um surto em uma fábrica em dezembro, disse Popova, que destacou que as pessoas envolvidas estavam se sentindo bem agora.
“A situação não evoluiu”, acrescentou.