O forte aumento de preços dos materiais de construção, além de prejudicar quem está reformando ou construindo, também afeta quem financiou a compra de um imóvel na planta. Nesses casos, o saldo devedor do financiamento é em geral reajustado com base no INCC, calculado pela FGV.
"Os aumentos impactam diretamente quem está financiando essa parte da construção do imóvel na planta com a construtora ou incorporadora", diz Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, explica que o INCC incide sobre todo o valor que o comprador ainda não pagou. "O saldo devedor é reajustado pelo índice e, então, dividido entre as parcelas restantes, por isso a prestação vai sofrer essa variação", diz. Segundo ele, nos casos em que o comprador assina um financiamento com um banco para pagar o restante após a entrega das chaves, o valor a ser financiado também terá sido reajustado pelo INCC.
Segundo os especialistas, a saída é tentar renegociar. "Se você não tiver uma folga no seu orçamento que comporte essa elevação das prestações, você pode tentar procurar a construtora para negociar. Tentar talvez uma prorrogação, uma divisão do saldo devedor em mais parcelas", diz Ana Maria.
Silvia Cristina da Silva Okabayashi, coordenadora do curso de Economia da Universidade Metodista de São Paulo, realizou uma simulação de como o INCC atua no saldo devedor. Foi considerado um imóvel na planta sem entrada, comprado em abril por R$ 500 mil, valor que seria pago em 250 parcelas de R$ 2 mil. O saldo devedor seria reajustado pelo INCC, que ficou em 2,22% em maio, passando a ser de R$ 511,1 mil. Dividindo o valor pelo total de parcelas restantes a pagar, cada prestação aumentaria para R$ 2.044,40. Ao pagar a parcela, o saldo devedor ainda fica em R$ 509.055,60.
"Observe que, mesmo depois de pagar uma prestação, a dívida continuou sendo maior que os R$ 500 mil iniciais. O reajuste do INCC fez sua dívida subir mais do que ela pode cair com o pagamento da prestação", afirma a professora.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.