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São Paulo não seguirá decreto de Bolsonaro sobre academias e salões de beleza, diz Doria

Publicado 13.05.2020, 13:47
© Reuters. Profissional de saúde monitora temperatura de homem em barreira sanitária em São Sebastião, SP

SÃO PAULO (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira que não seguirá o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro que colocou academias de ginástica, salões de beleza e barbearias como atividades essenciais durante a pandemia de Covid-19.

Doria se juntou a outros governadores que anunciaram que não irão cumprir o decreto de Bolsonaro, incluindo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). São Paulo e Rio de Janeiro são os dois Estados mais afetados pela doença respiratória provocada pelo novo coronavírus no país.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Doria disse que no momento não existem condições para permitir a reabertura de academias, salões de beleza e barbearias no Estado, onde o atual decreto de quarentena vai até 31 de maio, assim como acontece no Estado do Rio de Janeiro.

"Sobre o decreto presidencial relativo a academias de ginástica e salões de beleza, aqui em São Paulo o governo respeita e ouve o seu secretário da Saúde, respeita e ouve o seu comitê de saúde", disse Doria em uma aparente alfinetada em Bolsonaro pelo fato de ele ter editado o decreto sobre academias e salões de beleza sem consultar o ministro da Saúde, Nelson Teich, que foi informado da medida por jornalistas durante uma entrevista coletiva e ficou claramente surpreso com a informação.

"O comitê de saúde e o secretário de Saúde do Estado de São Paulo nos indicam que ainda não temos condições sanitárias seguras para autorizar a abertura de academias, salões de beleza e barbearias neste momento", acrescentou Doria.

Na véspera, o governador do Rio de Janeiro Witzel classificou de irresponsável qualquer flexibilização das medidas de distanciamento social neste momento, em que aumentam acentuadamente os números de casos confirmados e de mortes causadas pela Covid-19 em todo o país.

"Não há nenhum sinal de que as medidas restritivas sejam flexibilizadas. Estimular empreendedores a reabrir estabelecimentos é uma irresponsabilidade. Ainda mais se algum cliente contrair o vírus. Bolsonaro caminha para o precipício e quer levar com ele todos nós", escreveu o governador fluminense em sua conta no Twitter.

A prefeitura do Rio de Janeiro, comandada por Marcelo Crivella (PRB), também informou em nota que os estabelecimentos incluídos entre as atividades essenciais no decreto mais recente de Bolsonaro também não poderão abrir na capital fluminense.

"Ciente da prerrogativa de cada Estado e município analisar suas respectivas situações, o município mantém tais atividades fechadas, visto que as curvas da Covid-19 no Rio de Janeiro são ainda crescentes e é preciso evitar a propagação do contágio", afirma a nota.

Dados de março do setor de serviços mostraram que essas atividades liberadas por Bolsonaro tiveram uma queda de 12,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a Secretaria de Saúde paulista, o Estado tem atualmente 51.097 casos confirmados de Covid-19, com 4.118 mortes causadas pela doença, o que torna São Paulo de longe a Unidade da Federação mais atingida pela epidemia no Brasil.

© Reuters. Profissional de saúde monitora temperatura de homem em barreira sanitária em São Sebastião, SP

O Estado do Rio é o segundo mais afetado, e conta com 18.486 casos confirmados e 1.928 mortes.

(Reportagem de Eduardo Simões; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro; Edição de Pedro Fonseca)

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