Por Stephen Eisenhammer
SÃO PAULO (Reuters) - São Paulo teve nesta terça-feira seu primeiro dia de quarentena por causa do coronavírus, que já causou 40 mortes no Estado, depois de o governo local ter determinado no último sábado o fechamento do comércio e serviços não essenciais.
Na capital paulista, maior cidade do Brasil, as ruas que costumam registrar um dos piores trânsitos do continente na hora de pico matutina estavam silenciosas, enquanto os escritórios e shoppings na região da avenida Faria Lima, centro financeiro paulistano, tinham as portas fechadas.
Os ônibus permanecem circulando e obras seguem em andamento na capital paulista, em uma tentativa de se evitar o colapso econômico completo no coração financeiro do Brasil. Restaurantes estão abertos para pedidos para viagem, o que faz com que entregadores avancem pelo tráfego leve em bicicletas e motos.
"Está tudo vazio, tudo vazio. 'Busão' (ônibus), trem, metrô, tudo vazio", disse Gidalva do Santos, de 50 anos, que saiu de casa brevemente para ir ao médico. Por sofrer de hipertensão, ela está no grupo de risco do Covid-19 e, utilizando uma máscara de proteção, afirmou que toma todas as precauções possíveis.
"Todo mundo tem medo, mas assim, eu acho que todo mundo tem que se cuidar, fazer higiene direito, lavar as mãos."
Os casos confirmados de coronavírus no Brasil chegaram a 2.201 nesta terça-feira, avanço de 35% em relação à véspera, segundo números do Ministério da Saúde, que ainda contabiliza 46 mortos pela doença no país.
São Paulo, que registrou as primeiras infecções no Brasil, é o Estado mais afetado pelo Covid-19 --são 810 casos, além de 40 óbitos.
No sábado, quando a contagem de mortes em São Paulo era de 15, o governador João Doria (PSDB) decretou quarentena nos 645 municípios do Estado a partir desta terça-feira, como forma de tentar conter a disseminação do vírus.
"Isso implica determinação, entendam por determinação, obrigação, do fechamento de todo o comércio e serviços não essenciais à população em todo o Estado", disse Doria à ocasião, acrescentando que a medida poderá ser renovada, estendida ou suprimida.
Nesta manhã, enquanto esperava o trem na estação Pinheiros, que costuma estar abarrotada, Antonio Lima, de 50 anos, disse que se preocupa com o que o vírus pode significar para seu pequeno negócio de construção civil.
"É uma preocupação recorrente, porque tem funcionários para pagar, se parar e não tiver uma solução financeira, as empresas vão quebrar", afirmou.
(Com reportagem adicional de Gabriel Araújo)