Por David Morgan e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - O Senado dos Estados Unidos, de maioria democrata, pretende aprovar nesta quinta-feira um projeto de lei para evitar uma paralisação parcial do governo, após a Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, ter aprovado o texto menos de 36 horas antes de o financiamento a atividades começar a acabar.
Na Câmara, 207 democratas e 113 republicanos votaram pela aprovação do projeto de curto prazo, que passou por 320 votos a 99, dando ao Congresso mais tempo para chegar a um acordo sobre o financiamento para o ano fiscal completo que começou em 1º de outubro.
Alguns republicanos da Câmara afirmaram que uma vez resolvida a questão orçamentária pelo Congresso, será a hora de voltar as atenções para a ajuda à Ucrânia, a Israel e a outros aliados. O Senado aprovou no início deste mês um projeto de lei de ajuda externa de 95 bilhões de dólares.
No Senado, o líder da maioria, Chuck Schumer, disse esperar que a Casa aprove o projeto nesta quinta-feira e o encaminhe para a assinatura do presidente Joe Biden, quando se tornará lei.
O texto estende em uma semana o financiamento federal que acaba na noite de sexta-feira, e estabelece o dia 22 de março como prazo final para outras agências governamentais.
Cerca de dois meses se passaram desde que o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, e Schumer concordaram com o montante de 1,59 trilhão de dólares em despesas discricionárias para o ano fiscal.
Johnson, que assumiu o cargo em outubro, novamente usou manobras regimental que exigiu dos democratas a maioria do apoio para a aprovação, tática que pode enfurecer conservadores linha-dura. Esse fato e os 97 votos contrários entre os 219 republicanos podem trazer problemas para o presidente da Casa, que tem pela frente a análise de seis projetos de lei orçamentários na próxima semana, além do espinhoso assunto da ajuda à Ucrânia. Três deputados republicanos, incluindo o presidente do Comitê de Assuntos Internacionais, Michael McCaul, prevêem que Johnson aborde a ajuda à Ucrânia, Israel e aliados dos EUA no Indo-Pacífico após a conclusão dos outros seis projetos de lei de gastos até 22 de março. "Sou um eterno otimista. Acho que vamos conseguir", afirmou McCaul, acrescentando que o projeto pode incluir um programa de crédito, em vez de assistência direta, e obter formas de confiscar ativos soberanos da Rússia como compensação. Os parlamentares republicanos Brian Fitzpatrick e Don Bacon também propuseram um pacote de ajuda para aliados que lembra a política fronteiriça de volta ao México e elimina assistências humanitárias. Johnson enfrenta pressão de republicanos mais radicais para que use a paralisação do governo como instrumento de barganha política para forçar os democratas a aceitar políticas conservadoras, incluindo a restrição do fluxo de imigrantes na fronteira com o México. O parlamentar Chip Roy disse a jornalistas que republicanos linha-dura esperam persuadir Johnson colocar na mesa uma proposta que garantiria o financiamento ao governo até 30 de setembro, mas cortaria despesas não relacionadas à Defesa, mantendo os níveis orçamentários da Defesa e dos benefícios dos veteranos. "Acho que podemos fazer isso. Acreditamos que essa é uma boa alternativa", disse Roy. (Reportagem de David Morgan e Richard Cowan)