Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - Após movimento na Receita Federal, o Banco Central se tornou foco de manifestação de servidores, que se preparam para entregar cargos de chefia em ato por reajustes salariais.
O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) iniciou uma mobilização para que, além da entrega dos postos comissionados, as vagas não sejam repostas por outros componentes do banco.
A entidade ainda convocou os servidores da autarquia para um protesto pela reestruturação de carreira no dia 18 de janeiro, com paralisação das atividades, manifestação presencial em Brasília e atividades online em todas as regionais do órgão.
O presidente do Sinal, Fábio Faiad, afirmou à Reuters que a intenção é atingir o total de aproximadamente 500 cargos comissionados existentes hoje no BC, além dos 500 substitutos para esses postos.
Segundo o dirigente sindical, caso a autoridade monetária não dê uma resposta às reivindicações, o movimento deve ser ampliado.
"Se não tiver avanço até o dia 20 de janeiro, nós vamos nos reunir e chamar greve geral para a partir de fevereiro", disse.
De acordo com o sindicato, policiais federais e servidores da Receita terão reajustes em 2022, "aprofundando ainda mais diferenças remuneratórias entre o BC e carreiras congêneres".
Após acordo com o governo, carreiras de policiais conseguiram garantir a inclusão de 1,7 bilhão de reais no Orçamento de 2022 para reajustes. No entanto, não há definição para os servidores da Receita.
O sindicato de funcionários do Bacen afirma que não houve negociação no governo para rever a remuneração dos servidores do órgão.
"De elogios inócuos e 'tapinhas nas costas' os servidores estão cansados. O que se quer, de verdade, é ver o presidente do BC entrar em campo para valer e conseguir resolver de uma vez por todas as assimetrias", afirma o sindicato na convocação.
A entidade afirma que deve ser priorizada uma reestruturação de carreira, com reajuste salarial, dos cargos de analista e técnico.
Procurado para se manifestar, o BC informou que não fará comentários.
Após promessa do governo de reajustar salários de policiais, categorias de servidores federais demonstraram insatisfação e iniciaram mobilizações. Sindicatos articulam paralisações das atividades em janeiro como forma de pressionar o Executivo.
O movimento mais forte até o momento acontece na Receita Federal. De acordo com o Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita), 951 auditores fiscais entregaram cargos de chefia até a última semana.
Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) também entregaram carta de renúncia coletiva de seus mandatos e prometeram paralisar as sessões de julgamento do órgão em janeiro.