SÃO PAULO (Reuters) -A produção de soja 2022/23 do Brasil deve alcançar um recorde de 154,66 milhões de toneladas, estimou nesta quarta-feira a StoneX, com uma revisão para cima frente aos 154,21 milhões previstos anteriormente, além de prever uma máxima histórica para o milho apesar do atraso no plantio da segunda safra.
Se confirmada, a produção da oleaginosa crescerá 21,6% em relação à temporada 2021/22, quando as lavouras foram severamente castigadas na região Sul.
Nesta safra, a seca e altas temperaturas causadas pelo fenômeno climático La Niña também afetaram o Rio Grande do Sul, mas o desempenho de outros Estados produtores tem compensado as perdas gaúchas, disse a consultoria.
"As produtividades registradas nessas regiões estão excelentes, a despeito dos atrasos na colheita. Destaca-se, ainda, que houve algumas revisões de área plantada, também para cima", afirmou sobre o Centro-Oeste e o Matopiba, composto por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
A expectativa para as exportações foi mantida em 96 milhões de toneladas e a demanda doméstica passou de 53,5 milhões no levantamento anterior para os atuais 54 milhões, ainda passíveis de variação.
"Em relação ao consumo doméstico, as perspectivas são de aumento, mas o tamanho dessa variação vai depender de fatores como a mistura de biodiesel no Brasil e as perdas de safra na Argentina", disse a especialista de inteligência de mercado da StoneX Ana Luiza Lodi.
O teor da mistura de biodiesel ao diesel no Brasil válido a partir de abril será definido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) prevista para acontecer em março, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. O óleo de soja é a principal matéria-prima para a produção do biocombustível.
MILHO
Para a produção de milho total 2022/23, a consultoria projetou um volume recorde de 130,61 milhões de toneladas, contra 123,51 milhões do ano anterior.
Com isso, a StoneX espera que o país consiga ampliar seus embarques de cereal e aumentou sua estimativa de exportação em 1 milhão de toneladas, para 47 milhões.
Vale destacar que o Brasil conta com firme demanda externa, impulsionada pela China, que abriu seu mercado para o cereal no fim do ano passado e tem adquirido grandes volumes.
A segunda safra 2022/23 de milho recebeu mais uma revisão positiva pela StoneX, de 0,7% em comparação com o número de fevereiro, chegando a 100,8 milhões de toneladas mesmo diante de atrasos no plantio causados por uma colheita mais lenta da soja.
"Conforme a colheita da safra de verão avança, o volume estimado para sua produção vai se tornando cada vez menos sujeito a novas alterações, apesar dessas ainda não serem descartadas, principalmente para as regiões mais ao norte, onde o plantio e o desenvolvimento ocorrem mais tardiamente", disse o analista de inteligência de mercado do grupo João Pedro Lopes.
Ele ressaltou que há uma perspectiva favorável para a área plantada e para o rendimento médio de milho em Mato Grosso, cuja produção está estimada em 46,7 milhões de toneladas.
(Por Ana Mano, Letícia Fucuchima e Nayara Figueiredo; edição de Isabel Versiani)