SÃO PAULO (Reuters) - O consumo dos lares brasileiros deve desacelerar em 2023, segundo previsão divulgada nesta quinta-feira pela associação de supermercados Abras, que projeta uma expansão de 2,5% neste ano após alta de 3,89% em 2022.
A medição envolve o volume e tipos de produtos comprados em supermercados e guarda certa correlação com o faturamento dos varejistas.
A entidade havia começado 2022 esperando alta de 2,5% no consumo para o ano passado e reviu a projeção para 3,3% em meados do ano após o governo do então presidente Jair Bolsonaro ter aprovado o aumento do Auxílio Brasil para 600 reais além de uma série de outros benefícios como o vale-gás em meio à campanha eleitoral.
Questionado se a desaceleração preocupa o setor, o vice-presidente institucional e administrativo da Abras, Marcio Milan, afirmou que o desempenho do ano passado foi acelerado no final de 2022, motivado ainda pelos eventos não recorrentes da Copa do Mundo e das eleições.
"Esses dois aspectos não teremos em 2023, mas as medidas que estão sendo tomadas pelo governo de manter os auxílios são muito importantes para o consumo", disse Milan. "As projeções ainda apontam para crescimento", acrescentou.
Em dezembro, o consumo cresceu 15,2% ante novembro e 6,2% sobre o mesmo mês de 2021, desempenho considerado como robusto pela entidade.
O setor inaugurou no ano passado 341 lojas das quais 167 no formato atacarejo, que vem ganhando espaço nos últimos anos diante do aperto na renda dos consumidores e do movimento de troca de marcas numa estratégia das famílias para manutenção do consumo. O investimento total do setor supermercadista foi de cerca de 15 bilhões de reais em 2022, afirmou Milan.
A Abras deve relevar no final deste mês uma pauta de demandas junto ao governo federal que inclui temas importantes como permissão mais ampla para venda de medicamentos isentos de prescrição pelos supermercados, o que fará o setor rivalizar diretamente com o varejo farmacêutico.
"Queremos oferecer isso para o consumidor de forma mais ampla. O consumidor terá com isso um preço mais competitivo", disse Milan.
Além disso, a entidade também defende desoneração total de impostos federais e municipais sobre produtos da cesta básica, disse o executivo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)