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Taxas dos contratos de DI têm queda forte com inflação ao produtor dos EUA

Publicado 13.12.2023, 16:49
© Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em forte baixa, reagindo aos dados fracos do setor de serviços brasileiro e aos números favoráveis da inflação ao produtor nos EUA, que colocaram os rendimentos dos Treasuries em queda, em movimento intensificado à tarde pela decisão de política monetária do Federal Reserve, enquanto investidores esperavam pelo anúncio sobre a Selic no Brasil.

No início da sessão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o setor de serviços registrou em outubro recuo de 0,6%, na comparação com o mês anterior. Economistas consultados pela Reuters esperavam por estabilidade.

O dado fraco do setor de serviços pesou sobre as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), em meio à percepção de que a atividade econômica sugere continuidade no processo de desinflação no Brasil.

“Os serviços caíram esta manhã, podemos até ter uma contração do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre”, citou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, ao justificar o fechamento da curva a termo brasileira.

O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA também atuou para a queda das taxas futuras. Divulgado às 10h30, o indicador ficou estável em novembro, enquanto economistas consultados pela Reuters projetavam aumento de 0,1%.

Em reação, os rendimentos dos Treasuries cediam, o que também pesava sobre os juros futuros no Brasil.

“O PPI (dos EUA) veio com índice mais fraco do que se imaginava, e a China está com deflação no PPI também, é bom lembrar. Então, o ambiente de preços de atacado no mundo está mais tranquilo, o que ajuda na visão de que o Fed pode cortar juros no ano que vem”, pontuou Gala.

Na última sexta-feira, a China informou que seu índice de preços ao produtor cedeu 3% em novembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

O chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, chamou atenção durante a tarde para a expectativa do mercado em torno das decisões de política monetária do Fed, às 16h, e do Banco Central do Brasil, às 18h30. No caso do Fed, o mercado esperava pela manutenção da taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50% -- o que se confirmou.

“Já o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vai reconhecer a melhora do cenário externo e a inflação vindo bem nos últimos números”, opinou Garcia. “Mas vai enfatizar a necessidade de manter a política monetária restritiva. A expectativa é de que ele mantenha a indicação de cortes de 50 pontos-base (da Selic) para as próximas reuniões ainda.”

O Fed, por sua vez, manteve a sua taxa básica sem alterações, enquanto projetou cortes de juros de 75 pontos-base em 2024 -- mais do que o previsto anteriormente -- e inflação na meta de 2% em 2026. A postura foi considerada mais branda -- ou dovish, no jargão do mercado -- que em reuniões anteriores.

“A curva norte-americana já precifica 125 pontos-base de cortes nos EUA para o ano que vem”, lembrava durante a tarde a analista Laís Costa, da Empiricus Research, antes da decisão do Fed. “Quando surge um dado do PPI bastante abaixo das expectativas, isso é bastante animador. O mercado começa a ver espaço maior para corte de juros”, acrescentou.

A decisão do Fed, com as novas projeções da instituição, animou o mercado, intensificando a queda dos rendimentos dos Treasuries e, no Brasil, o fechamento da curva a termo. Em alguns vencimentos, a queda das taxas futuras foi superior a 15 pontos-base.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,175%, ante 10,26% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,73%, ante 9,898% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,835%, ante 10,003%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,11%, ante 10,272%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,58%, ante 10,735%.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 98% de chances de o corte da Selic na noite desta quarta-feira ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de 0,75 ponto percentual estavam em 2%.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 15,40 pontos-base, a 4,0522%.

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