Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em baixa, novamente acompanhando a queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em movimento que dá continuidade às apostas mais recentes de corte de juros pelo Federal Reserve já em março de 2024.
Em um dia de agenda esvaziada no exterior, os yields do título norte-americano de dez anos - referência global de investimentos – voltaram a ceder, e os investidores continuaram a busca por ativos de maior risco, como ações, moedas e títulos de países emergentes.
Na renda fixa brasileira, isso se refletiu em mais um dia de fechamento da curva a termo.
“Temos hoje (quarta-feira) uma continuidade do movimento visto nos últimos dois meses, de fechamento da curva norte-americana. O título de dez anos corrigiu bastante e hoje temos continuidade disso”, avaliou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
Internamente, segundo Sueishi, os indicadores de inflação mais recentes também se mostraram favoráveis à queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Neste cenário, as taxas futuras de juros cederam no Brasil em 11 de 17 sessões de dezembro, subiram em cinco delas e ficaram praticamente estáveis em uma.
Na abertura desta quarta-feira, o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destacou a tendência de baixa para as taxas dos DIs.
“Vértices mais longos estão quase todos em 10%, e a parte mais intermediária da curva está toda abaixo de 10%, com a visão de Selic indo pelo menos a 9% no ano que vem”, afirmou Gala, em comentário enviado a clientes. “Então, o cenário (está) bastante comprador de ‘kit Brasil’”, acrescentou, referindo-se à bolsa, ao real e aos títulos brasileiros.
Nas mesas de operação, a expectativa segue girando em torno do Ministério da Fazenda, que promete anunciar até o fim da semana novas medidas na área econômica. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo vai lançar um programa de depreciação acelerada e uma alternativa à desoneração da folha de pagamentos das empresas.
Na tarde desta quarta-feira, o ministério informou que ajustes finais sobre os atos a serem assinados estão sendo conduzidos pela Casa Civil. Haddad falará à imprensa na quinta-feira, em horário ainda a ser definido.
Durante a tarde, o Tesouro informou que o governo central teve déficit primário de 39,4 bilhões de reais em novembro, um resultado pior que o saldo negativo de 35,5 bilhões de reais projetado por analistas em pesquisa da Reuters.
Também à tarde, o Tesouro revelou que a dívida pública federal subiu 2,48% em novembro ante outubro, para 6,325 trilhões de reais.
A quinta-feira - última sessão do ano – promete ter uma agenda carregada. Além do anúncio do governo, serão divulgados o IGP-M de dezembro, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e o IPCA-15 do mesmo mês, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No fim da tarde desta quarta-feira a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10%, ante 10,031% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,545%, ante 9,583% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,655%, ante 9,683%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 9,87%, ante 9,902%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,18%, ante 10,24%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 97% de chances de o corte da taxa básica Selic em janeiro ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.
Às 16h36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos caía 10,10 pontos-base, a 3,7852%.