SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em baixa no Brasil, em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries, com o mercado repercutindo a decisão do Federal Reserve sobre juros, na véspera, dados do mercado de trabalho dos EUA e preocupações em torno dos bancos regionais norte-americanos.
Na tarde de quarta-feira, o Fed anunciou a manutenção de sua taxa de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano -- como esperado -- e descartou a possibilidade de novos aumentos de juros. Ao mesmo tempo, adotou uma postura cautelosa em relação ao início do ciclo de cortes, o que elevou a percepção no mercado de que o primeiro corte ocorrerá em maio -- e não em março, como vinha sendo largamente precificado.
Nesta quinta-feira, porém, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9 mil, para 224 mil, ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 27 de janeiro. Os economistas haviam previsto 212 mil pedidos para a última semana.
Os números sugerem que o mercado de trabalho dos EUA pode estar esfriando, o que abriria espaço para a queda dos juros, trazendo um viés de baixa para a curva norte-americana nesta quinta-feira.
O diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, pontuou que as dificuldades dos bancos regionais dos EUA -- um fantasma que volta a assombrar os mercados -- também justificaram a queda dos yields.
Na quarta-feira, o New York Community Bancorp surpreendeu o mercado ao relatar problemas em seu portfólio de imóveis comerciais, renovando temores sobre a saúde do setor. O Índice Bancário Regional KBW desabou.
“O problema dos bancos regionais aumentou a aversão ao risco. O medo dos bancos aumenta as chances de o Fed antecipar o corte de juros”, disse Faria Júnior.
Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries cederam nesta quinta-feira, o que se refletiu na queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) também no Brasil.
Internamente, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na véspera, pouco fez preço, como esperado por profissionais ouvidos pela Reuters. O colegiado cortou a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, e repetiu as linhas gerais do comunicado anterior.
A percepção majoritária, precificada na curva, é de que o Copom tende a promover novo corte de meio ponto percentual da Selic em março.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,94%, ante 9,96% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,615%, ante 9,635% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,75%, ante 9,784%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,01%, ante 10,051%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,42%, ante 10,478%.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 9,80 pontos-base, a 3,8671%.