Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira próximas da estabilidade na ponta curta da curva a termo e com leve queda na ponta longa, numa sessão marcada pela liquidez reduzida antes do período de Natal, pela aprovação do Orçamento da União para 2024 no Congresso e por novos dados de inflação nos EUA, que corroboraram as apostas de que o Federal Reserve pode iniciar o processo de corte de juros já em março de 2024.
Pela manhã, os rendimentos dos títulos norte-americanos de dez anos oscilavam no território negativo, com investidores à espera da divulgação do índice de inflação PCE nos EUA, às 10h30. Com o viés lá fora negativo, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) também cediam no Brasil.
O Departamento do Comércio dos EUA informou que o índice de preços PCE caiu 0,1% no mês passado, depois de ficar inalterado em outubro. Nos 12 meses até novembro, o indicador teve alta de 2,6%, após subir 2,9% em outubro.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o PCE aumentou 0,1% em novembro. O chamado núcleo do PCE avançou 3,2% em relação ao ano anterior em novembro, depois de alta de 3,4% em outubro.
O Federal Reserve acompanha as medidas do PCE para sua meta de inflação de 2%. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice anual teria alta de 2,8% e que o núcleo aumentaria 3,3%.
“Vimos novamente no PCE uma confirmação da tendência desinflacionária lá fora. Isso favoreceu as projeções de cortes na taxa de juros dos EUA”, comentou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
No entanto, como os dados do PCE ficaram muito próximos do esperado, os yields dos títulos de dez anos viraram para o positivo, com investidores também aproveitando o dia para fechar posições antes da última semana do ano - quando a liquidez global tende a diminuir ainda mais.
No Brasil, as taxas também reduziram as perdas e se reaproximaram da estabilidade durante a tarde, em especial na ponta curta, com os profissionais que ainda seguiam nas mesas de operação atentos à política em Brasília.
No meio da tarde o Congresso Nacional aprovou o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, após um acordo ter permitido corte menor no montante destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na votação do texto, que segue agora para sanção presidencial, parlamentares tentaram reduzir o valor do fundo eleitoral, mas não houve apoio e o montante repassado ficará em 4,9 bilhões de reais.
O projeto aprovado manteve a meta de resultado primário zero em 2024. O objetivo ainda é visto com ceticismo pelos agentes do mercado, mas sua manutenção na LOA é algo positivo, na visão dos analistas.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,05%, ante 10,063% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,61%, ante 9,606% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,7%, ante 9,703%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 9,92%, ante 9,938%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,27%, ante 10,314%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 98% de chances do corte da taxa básica Selic em janeiro ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de 0,75 ponto percentual estavam em 2%. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.