Por Andrea Shalal e Makini Brice
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que seria "mais duro" nas negociações com a China em um segundo mandato se as discussões comerciais se arrastarem, aumentando os temores do mercado de que a guerra comercial possa desencadear uma recessão nos EUA.
As duas maiores economias do mundo impuseram novas tarifas sobre os produtos um do outro no domingo, provocando uma guerra tarifária que tem abalado os mercados financeiros e elevado o medo de uma recessão global. Negociadores norte-americanos e chineses devem se reunir presencialmente em Washington neste mês, mas ainda não foi definida uma data para uma reunião.
Os índices acionários de Wall Street caíam nesta terça-feira, depois que dados mostraram uma contração na atividade industrial em agosto, a primeira desde 2016, enquanto os rendimentos dos Treasuries de dez anos caíam para seus menores níveis desde julho de 2016.
Trump, ignorando os dados negativos recentes, escreveu em um post no Twitter que os EUA estão "indo muito bem em nossas negociações com a China", destacando o dano que as tarifas norte-americanas têm causado à economia chinesa.
Trump disse que, se os Estados Unidos e a China não resolverem a disputa comercial e se ele conseguir a reeleição em novembro de 2020, um "Acordo seria MUITO MAIS DIFÍCIL! Enquanto isso, a cadeia de suprimentos da China vai desmoronar e as empresas, empregos e dinheiro desaparecerão!"
Ele não forneceu detalhes sobre as negociações ou como elas poderiam se tornar mais difíceis.
Thomas Donohue, chefe-executivo da Câmara de Comércio dos EUA, disse em entrevista à CNBC que as empresas e os trabalhadores norte-americanos estão sofrendo as consequências das tarifas dos EUA, mas que a economia chinesa também está sendo prejudicada.
Ele pediu a Trump que adie as novas tarifas que entraram em vigor, a fim de dar aos dois lados da guerra comercial tempo para que alcancem um acordo.
Trump, do Partido Republicano, muitas vezes repetiu publicamente sua crença de que Pequim está tentando desacelerar as negociações comerciais na esperança de que a vitória de um democrata nas eleições presidenciais de 2020 possa levar a melhores termos em um acordo.
Os EUA começaram a impor tarifas de 15% sobre uma série de importações chinesas no domingo, enquanto a China iniciou a cobrança de novas taxas sobre o petróleo norte-americano.
A China prestou uma queixa contra os Estados Unidos à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as taxas de importação, seu terceiro processo para desafiar as tarifas específicas de Trump sobre o país asiático.
O vice-premiê chinês, Liu He, disse nesta terça-feira que a China se opõe veementemente a uma guerra comercial.