Por Joseph Menn e Christopher Bing
SÃO FRANCISCO/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu na terça-feira a principal autoridade de segurança cibernética do país em uma mensagem no Twitter, acusando-o, sem evidências, de fazer uma declaração "altamente imprecisa" por afirmar que a eleição de 3 de novembro foi segura e rejeitar alegações de fraude.
Trump fez alegações infundadas de que a eleição foi "fraudada" e se recusou a conceder a derrota ao presidente eleito Joe Biden. Sua equipe de campanha ingressou com ações judiciais em Estados-chave, embora autoridades eleitorais de ambos os partidos tenham dito não ver evidências de irregularidades graves.
O trabalho de Chris Krebs para proteger a eleição de hackers e combater a desinformação sobre o voto ganhou elogios de parlamentares de ambos os partidos, bem como de autoridades estaduais e eleitorais em todo o país. Mas ele atraiu a ira de Trump e seus aliados, que estavam irritados com sua recusa em apoiar as alegações de interferência eleitoral.
A Reuters noticiou na semana passada que Krebs havia dito a pessoas próximas que esperava ser demitido.
Trump disse no Twitter que Krebs havia garantido às pessoas em uma declaração "altamente imprecisa" que a eleição havia sido segura, quando havia "grandes impropriedades e fraudes --incluindo pessoas mortas votando, fiscais de urna proibidos em locais de votação" e erros nas urnas eletrônicas que trocaram votos de Trump para Biden.
Na segunda-feira, dezenas de especialistas em segurança eleitoral divulgaram uma carta dizendo que as alegações de grandes invasões cibernética não se sustentam e parecem absurdas.
O Twitter colocou avisos de alerta nas postagens de Trump, observando: "Esta afirmação sobre fraude eleitoral é questionável".
Krebs comandava a Agência de Segurança Cibernética e Segurança de Infraestrutura do Departamento de Segurança Interna (Cisa) desde sua criação, dois anos atrás.
Ele revoltou a Casa Branca por causa de um site administrado pela Cisa batizado de "Controle de Rumores" que refuta a desinformação sobre a eleição, de acordo com três pessoas a par do assunto.
Um porta-voz da Cisa disse que a agência não tem comentários.
Krebs não foi informado do plano de Trump de demiti-lo, segundo uma pessoa a par da questão, e soube da decisão pelo Twitter. Matthew Travis, vice de Krebs e número dois da agência, renunciou na noite de terça-feira.
O diretor-executivo da Cisa, Brandon Wales, deve assumir o lugar de Krebs como chefe interino da agência nesta quarta-feira, disse uma autoridade da agência à Reuters sob condição de anonimato.
Um porta-voz do presidente eleito Joe Biden afirmou: "Chris Krebs deve ser elogiado por seus serviços na proteção de nossas eleições, não demitido por dizer a verdade."
(Reportagem adicional de Elizabeth Culliford)