Por Steve Holland e David Morgan e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a presidente da Câmara dos Deputados do país, a democrata Nancy Pelosi, se hostilizaram na noite do discurso do Estado da União, na terça-feira, quando Trump lhe recusou um aperto de mão e Pelosi rasgou uma cópia do discurso de Trump às suas costas.
Trump evitou o tema do drama do impeachment no discurso beligerante de 80 minutos, mas as feridas abertas da batalha ficaram evidentes – seus colegas republicanos o aplaudiram de pé várias vezes, enquanto a maioria de seus rivais democratas permaneceu sentada.
O Senado de maioria republicana deve absolvê-lo das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso durante uma votação nesta quarta-feira.
Ao encontrar Pelosi pela primeira vez desde que ela saiu no meio de uma reunião na Casa Branca quatro meses atrás, Trump se recusou a apertar sua mão estendida ao lhe dar uma cópia de seus comentários antes de começar a falar.
Apesar de não ter falado com Trump desde sua última reunião, ela pareceu surpresa. Ela não citou o costumeiro "grande privilégio e honra distinta" que normalmente acompanha a apresentação que o presidente da Câmara faz do presidente ao Congresso.
"Membros do Congresso, o presidente dos Estados Unidos", foi tudo que ela disse ao apresentar Trump.
Quando seu discurso terminou, Pelosi se levantou e rasgou a cópia do discurso que ele lhe entregou, dizendo mais tarde aos repórteres que foi "a coisa mais cortês a se fazer, considerando a alternativa".
Kayleigh McEnany, porta-voz da campanha à reeleição de Trump, disse a respeito de Pelosi: "Seu ódio por @realdonaldtrump a cegou para a natureza repulsiva de seu comportamento esnobe e elitista".
Após o evento, Pelosi tuitou uma foto de si mesma com a mão estendida para Trump e disse: "Os democratas jamais deixarão de estender a mão da amizade para dar conta do trabalho #ParaOPovo. Trabalharemos para encontrar o meio-termo onde pudermos, mas faremos pé firme onde não pudermos".
A tensão foi um sinal de que não se deve esperar muito avanço legislativo a nove meses da eleição presidencial na qual Trump buscará a reeleição.
O processo de impeachment intensificou a animosidade entre Trump, ex-apresentador de reality show transformado em político conservador, e Pelosi, manifesta durante toda a Presidência. Ele a chama rotineiramente de "Nancy Louca" em seus comícios de campanha.