Por Yawen Chen e Ryan Woo e Andrea Shalal
PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - Os líderes dos Estados Unidos e da China enfatizaram nesta sexta-feira o desejo de assinarem um acordo comercial inicial e desarmar uma guerra tarifária que tem afetado o crescimento global.
Em raros comentários sobre as tensões comerciais com Washington, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que Pequim quer elaborar um pacto comercial provisório ou a "fase um", mas não tem receio de retaliar quando necessário.
Horas mais tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que um acordo comercial com a China está "potencialmente muito próximo", embora tenha insistido que qualquer acordo teria de ser ponderado para favorecer os Estados Unidos depois de anos de desequilíbrio comercial com a China.
Falando ao Fox & Friends, do canal Fox New Channel, Trump também pediu à China e a Hong Kong que acalmem a situação no território, chacoalhado há meses por protestos pró-democracia. Segundo Trump, isso é um fator complicador nas negociações comerciais.
Economistas dizem que a prolongada disputa entre as duas maiores economias do mundo está diminuindo o crescimento global, interrompendo cadeias de suprimentos, restringindo o investimento e limitando a confiança empresarial.
"Queremos trabalhar pela 'fase um' do acordo com base em respeito mútuo e igualdade", disse Xi a representantes de um fórum internacional.
"Quando necessário vamos responder, mas temos trabalhado ativamente para tentar não ter uma guerra comercial. Não iniciamos essa guerra comercial e isso não é algo que queremos."
Trump não deixou claro suas intenções durante a entrevista na Fox News, dizendo: "Temos que ficar ao lado de Hong Kong, mas também estou com o presidente Xi".
As preocupações com uma deterioração mais ampla nos laços sino-americanos pesaram nos mercados nesta semana. Os navios de guerra da Marinha norte-americana navegaram duas vezes perto de ilhas reivindicadas pela China no Mar do Sul da China nos últimos dias, irritando Pequim.
A execução da "fase um" de um acordo comercial poderia ser postergada para o próximo ano, disseram especialistas em comércio e pessoas próximas à Casa Branca, com Pequim solicitando reversões tarifárias mais extensas e Washington lutando pelas demandas próprias.
MAIS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS?
A China convidou os principais negociadores comerciais dos EUA para uma nova rodada de conversas presenciais em Pequim, disse o Wall Street Journal, citando fontes não identificadas. O veículo acrescentou que Pequim espera que as negociações possam ocorrer antes do feriado do Dia Ação de Graças dos EUA, na próxima quinta-feira.
Autoridades norte-americanas indicaram disposição para um encontro, mas não se comprometeram com uma data, acrescentou, e estariam relutantes em viajar para as discussões a menos que a China deixasse claro que assumiria compromissos de proteção à propriedade intelectual, transferências forçadas de tecnologia e compras agrícolas.
Trump disse a repórteres na Casa Branca que o acordo comercial EUA-China estava indo bem, acrescentando: "A questão é se eu quero ou não fazê-lo", disse o presidente.