Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ainda tem dois meses de mandato, pediu opções de ataques à principal instalação nuclear do Irã na semana passada, mas acabou decidindo não dar o passo dramático, disse uma autoridade norte-americana na segunda-feira.
Trump fez o pedido durante uma reunião realizada no Salão Oval na quinta-feira com seus principais conselheiros de Segurança Nacional, entre eles o vice-presidente, Mike Pence, o secretário de Estado, Mike Pompeo, o secretário interino da Defesa, Christopher Miller, e o general Mark Milley, que preside o Estado-Maior Conjunto, disse a fonte.
Trump, que tem se recusado a reconhecer a derrota na eleição presidencial de 3 de novembro e está contestando seus resultados, deve ceder o poder ao presidente eleito democrata, Joe Biden, no dia 20 de janeiro.
A fonte confirmou o relato da reunião publicado no jornal The New York Times, que noticiou que os conselheiros persuadiram Trump a não realizar o ataque por causa do risco de um conflito mais abrangente.
"Ele pediu opções. Eles lhe apresentaram as opções e ele acabou decidindo não ir adiante", disse a autoridade.
A Casa Branca não quis comentar.
Trump passou os quatro anos de sua Presidência engajado em uma política agressiva contra o Irã. Em 2018, ele retirou os EUA de um acordo nuclear com Teerã negociado por seu antecessor democrata, Barack Obama, e impôs sanções econômicas contra vários alvos iranianos.
O pedido de opções veio um dia depois de um relatório da agência atômica da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrar que o Irã terminou de transferir uma primeira cascata de centrífugas avançadas de uma usina de superfície em sua principal instalação de enriquecimento de urânio para uma subterrânea, uma nova violação do pacto nuclear firmado com grandes potências em 2015.
Alireza Miryousefi, porta-voz da missão do Irã na ONU em Nova York, disse que o programa nuclear de seu país tem fins puramente pacíficos e de uso civil e que as diretrizes de Trump não mudaram isso. "Entretanto, o Irã tem provado ser capaz de usar seu poder militar legítimo para evitar ou reagir a qualquer aventura melancólica de qualquer agressor", acrescentou.
Um ataque a Natanz, a principal instalação nuclear do Irã, poderia degenerar em um conflito regional e criar um desafio de política externa sério para Biden.
(Reportagem adicional de Michael Martina e Michelle Nichols)