Por Padraic Halpin
DUBLIN (Reuters) - A União Europeia (UE) tentará convencer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a ver "o erro de seus caminhos" e abandonar algumas de suas políticas comerciais "imprudentes", disse nesta terça-feira Phil Hogan, o próximo comissário de comércio da UE.
A presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nomeou uma equipe de 27 comissários nesta terça-feira que assumirá o cargo em 1º de novembro, considerando que eles obtenham a aprovação do Parlamento Europeu.
O irlandês Phil Hogan, atualmente encarregado da agricultura na Comissão, assumirá o cargo de comissário para comércio, enfrentando uma batalha para melhorar os laços comerciais com os Estados Unidos e estabelecer relações econômicas futuras com o Reino Unido após o Brexit.
"Sr. Trump certamente indicou sua clara preferência por guerras comerciais ao invés de acordos comerciais. Se ele mantiver essa dinâmica particular de protecionismo, espero que a União Europeia continue a fazer acordos em todo o mundo", disse Hogan à emissora nacional irlandesa RTE.
"Mas, obviamente, faremos tudo o que pudermos para que sr. Trump veja o erro de seus caminhos e espero que ele seja capaz de abandonar alguns dos comportamentos imprudentes que vimos dele em relação ao seu relacionamento com a China e descrevendo a União Europeia como um risco de segurança", acrescentou.
Sobre o Brexit --Hogan, que não recuou em público e apontou críticas à abordagem do Reino Unido ao longo das negociações do Brexit-- disse que, mesmo que um acordo de retirada seja alcançado este ano, levaria mais seis a oito meses antes que os estados-membros da UE concordassem em dar-lhe mandato para que inicie futuras negociações comerciais.
Ele disse, no entanto, que um Brexit sem acordo criaria um atraso ainda maior, repetindo a posição da UE de que as principais questões no processo de divórcio --direitos dos cidadãos, acordo financeiro e a fronteira irlandesa-- ainda precisariam ser acertados.
"Existe um pensamento ilusório [do Reino Unido] de que [os problemas] vão desaparecer, e eles não vão. Eles estarão envolvidos de maneira central na fase dois das negociações se a fase um não for concluída, e não há como fugir disso", disse Hogan.