Por Marcela Ayres e Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, previu nesta segunda-feira uma queda de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para o Brasil neste ano e reforçou que o time econômico conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro para manutenção do teto de gastos.
Oficialmente, a projeção do Ministério da Economia é de contração de 4,7% da atividade em 2020.
Em vídeo gravado para Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, transmitida pela internet, Guedes disse que haverá luta pela manutenção do teto de gastos enquanto for necessário, reconheceu que há ministros que querem expandir as despesas públicas furando o mecanismo, mas pontuou que Bolsonaro "está claramente do nosso lado".
"Se desindexarmos o Orçamento, se fizermos desobrigação, desvincularmos todos esses gastos e a classe política tomar controle do Orçamento novamente, como em qualquer outro país, poderíamos nos dar ao luxo de liberar esse teto", afirmou.
"Será uma grande luta (pela manutenção do teto), em alguns momentos há até luta interna, fogo amigo, pessoas aqui que querem gastar dinheiro e mandam sinais mistos para o mercado, isso é muito ruim, temos uma inclinação grande da curva de juros no momento", completou.
Guedes disse que o país gastou 10% do PIB no combate aos efeitos da pandemia da Covid-19, "sem arrependimentos", mas que as despesas ficarão restritas a este ano, com parte da conta sendo coberta com desinvestimentos.
"Nós temos que pagar as despesas extraordinárias com o coronavírus. É como uma guerra, temos que pagar pela guerra. Vamos desinvestir para pagar isso", afirmou Guedes.
"Acreditamos que o 'crowding in' dos investimentos estrangeiros será o principal eixo do crescimento nos próximos anos. Então temos concessões e privatizações em infraestrutura, em gás natural, em petróleo, em eletricidade, água e saneamento", acrescentou o ministro, ressaltando que o país está aprovando marcos regulatórios para abrir o que chamou de "fronteiras de investimento".
O "crowding in" refere-se ao aumento de investimentos pelo setor privado na esteira de gastos realizados pelo poder público.
CRÍTICAS EXAGERADAS
Ao citar os riscos apontados por investidores em vir para o Brasil, Guedes citou a questão ambiental e afirmou que as críticas que o Brasil recebe por "matar índios e queimar florestas" são exageradas e pautadas por aqueles que perderam as eleições.
"Toda essa história de matar índios e queimar florestas é um exagero. Temos um ano e meio (de governo), não acredito que a Amazônia foi queimada em um ano e meio. Se há algo errado, esteve errado pelos últimos 30 anos", afirmou o ministro.
Ele acrescentou que o país tem a matriz energética mais limpa do mundo e é o que mais recebe imigrantes, mais miscigena e melhor trata seus indígenas.
"Há uma narrativa pelas pessoas que perderam as eleições de que o Brasil está matando seus índios e destruindo florestas... mas estamos tentando nosso melhor", afirmou.