Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - A primeira viagem de Janet Yellen à China como secretária do Tesouro dos Estados Unidos se concentrará em recalibrar os laços entre as duas maiores economias do mundo, no momento em que as comunicações militares permanecem congeladas e as novas restrições de Pequim às exportações de alguns metais provocam novas tensões.
Autoridades dos EUA dizem esperar discussões "francas" durante a viagem de Yellen, de 6 a 9 de julho, após o anúncio abrupto de Pequim na segunda-feira de controles sobre as exportações de alguns produtos de gálio e germânio amplamente usados em semicondutores, bem como uma nova lei de contraespionagem, ambos vistos como potencialmente prejudiciais para as empresas norte-americanas.
Não são esperados grandes avanços, mas Yellen pressionará para abrir novas linhas de comunicação e coordenação em questões econômicas e enfatizará as consequências do fornecimento de ajuda letal à Rússia, dizem autoridades dos EUA.
Autoridades chinesas estão preocupadas com os planos do governo Biden de limitar os investimentos das empresas norte-americanas na China e com o que eles veem como movimentos para dissociar as duas economias. A economia da China está se recuperando mais lentamente do que o esperado devido aos lockdowns da Covid e o mercado de trabalho está sob pressão.
A tão esperada viagem de Yellen ocorre semanas depois que o secretário de Estado, Antony Blinken, visitou Pequim e concordou com o presidente chinês, Xi Jinping, que a rivalidade dos dois países não deveria se transformar em conflito, e em meio a um congelamento nas comunicações militares entre as duas nações.
"Não há substituto para a diplomacia", disse uma autoridade de alto escalão do governo. "Um telefonema não é a mesma coisa."
Wu Xinbo, professor da Universidade Fudan da China, descreveu Yellen como uma "voz da razão" dentro do governo Biden e disse que a China espera que a visita dela possa "melhorar o clima" para possíveis negociações futuras com a secretária de Comércio, Gina Raimondo, a respeito de tarifas e sanções sobre empresas chinesas de tecnologia.
Mas alguns críticos disseram que as reuniões estavam evitando questões importantes.
Derek Scissors, membro sênior do American Enterprise Institute, afirmou que Yellen estava embarcando em "uma viagem vazia", dada a recusa da China em se envolver em questões militares potencialmente perigosas.
"Do lado da segurança, os chineses não falam conosco, então parece que o lado econômico está sendo usado como um substituto", disse ele.