Por Susan Cornwell e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Quatro meses depois de os democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos iniciarem um inquérito de impeachment formal sobre os tratos do presidente Donald Trump com a Ucrânia, o Senado deve absolvê-lo das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso nesta quarta-feira.
O republicano Trump, o terceiro presidente da história dos EUA a ser afastado pela Câmara e julgado pelo Senado, enfrenta às 16h locais (18h em Brasília) uma votação que determinará se ele consegue concluir seu mandato ou se deve entregar o cargo imediatamente ao vice-presidente, Mike Pence.
A votação será histórica, mas há pouca dúvida do desfecho, já que nenhum dos 53 senadores republicanos disse que o condenará.
Seriam necessários 67 dos 100 senadores para tirar o 45º presidente do posto – uma ação que o Senado jamais adotou.
Em 1999, o presidente democrata Bill Clinton foi absolvido das acusações de mentir sob juramento e de obstruiu a Justiça, resultantes de um relacionamento sexual com uma estagiária da Casa Branca.
Em 1868, o presidente Andrew Johnson foi inocentado de 11 acusações que diziam respeito em parte a uma crise pós-Guerra Civil provocada pela demissão de seu secretário de Guerra.
Richard Nixon, o único presidente a renunciar, o fez em 1974 quando muitos de seus colegas republicanos o abandonaram durante um inquérito de impeachment da Câmara relacionado a uma invasão de escritórios do Partido Democrata em Washington.
Se Trump for absolvido, republicanos e democratas defenderão suas respectivas posições, enquanto Trump busca a reeleição em 3 de novembro.
Com duração de 21 dias, o julgamento de Trump no Senado analisou se ele reteve ajuda dos EUA à Ucrânia no verão local passado como forma de induzir Kiev a iniciar uma investigação do ex-vice-presidente Joe Biden, que disputa a indicação democrata para a eleição presidencial deste ano.
Trump negou qualquer irregularidade, e a maioria dos republicanos da Câmara e do Senado ficou ao seu lado, mas nos últimos dias alguns senadores republicanos criticaram o comportamento de Trump, ao mesmo tempo em que defenderam seu direito de permanecer na função.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada em 27 e 28 de janeiro mostrou que 39% dos adultos norte-americanos aprovam o desempenho de Trump no cargo e 55% desaprovam – um ligeiro recuo em relação ao momento em que a Câmara iniciou seu inquérito de impeachment, em setembro, quando sua aprovação estava em 43% e sua rejeição em 53%.