Por Carolina Mandl
SÃO PAULO (Reuters) - A Votorantim, uma das maiores holdings diversificadas do Brasil, registrou um prejuízo líquido de 3,4 bilhões de reais no primeiro trimestre, revertendo um lucro de 4,4 bilhões de reais um ano antes, uma vez que a desvalorização do real fez com que aumentassem os custos de serviço da dívida.
Os resultados do trimestre também foram atingidos por uma baixa contábil de 485 milhões de dólares, devido à redução das expectativas de geração de caixa para a mina de zinco Cerro Pasco da unidade Nexa Resources, no Peru, informou a Votorantim em comunicado.
A dívida líquida da Votorantim - grande parte denominada em dólares - subiu mais de 60%, encerrando março em 16,2 bilhões de reais. Isso equivale a 3,55 vezes o lucro ajustado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), acima de um múltiplo de 1,95 em dezembro.
As unidades da holding Votorantim Cimentos e Nexa também decidiram sacar linhas de crédito rotativo totalizando 500 milhões de dólares. A Votorantim Cimentos usou os recursos para pagar antecipadamente títulos de divida externa e estender seus vencimentos de dívida. A Nexa, sediada em Luxemburgo, aumentou sua posição de caixa para ajudar a enfrentar a pandemia de coronavírus.
O diretor financeiro da Votorantim, Sergio Malacrida, disse que o índice de endividamento deve cair até o final do ano, já que um real mais fraco tenderá a favorecer a maior parte das vendas do grupo nos próximos trimestres. Ainda assim, ele se recusou a fornecer uma estimativa, pois as consequências do surto de vírus sobre a demanda permanecem incertas.
Ainda assim, as receitas do primeiro trimestre da Votorantim aumentaram 2% em relação ao ano anterior, para 6,8 bilhões de reais, com o aumento nas vendas de cimento e uma moeda brasileira mais fraca compensando os preços mais baixos do metal.
Malacrida disse que as operações no Peru e na Argentina, que foram parcialmente interrompidas no primeiro trimestre devido ao bloqueio relacionado ao coronavírus, estão sendo retomadas.