Nuakchott, 17 jul (EFE).- O general Mohammed Ould Abdelaziz,
favorito nas eleições presidenciais da Mauritânia, conseguiu
compensar sua falta de carisma com um estilo populista e direto,
durante o período de um ano em que esteve à frente da Junta Militar.
Após liderar o golpe de Estado de 6 de agosto do ano passado,
Abdelaziz quer agora que seu país demonstre que confia em seu
trabalho pelas urnas, e para isso promete governar com o mesmo pulso
firme que exibiu ao longo de sua bem-sucedida carreira militar.
Apesar de não se destacar como orador, sua proximidade com os
mais pobres o ajudou, como reconhece uma fonte diplomática do
Ocidente, a surgir como um candidato que rompe com as clássicas
divisões tribais.
Por isso, não é estranho o fato de vê-lo na porta de sua casa, no
centro de Nuakchott, cumprimentando e conversando com a população,
que se amontoa em volta do local.
"Ele é o presidente do povo! Quando se viu o presidente de um
país sair à rua e se interessar pelos problemas do povo?", disse
recentemente um homem em frente à casa de Abdelaziz.
Esta combinação de atitudes populistas e gestos patrióticos o
ajudou a obter um forte apoio, apesar de não ter conseguido eliminar
totalmente a oposição contra a Junta Militar que dirigia até abril,
a qual renunciou para apresentar sua candidatura.
De personalidade discreta e pouco falador, Abdelaziz usou a
reputação que conquistou com a carreira militar para se apresentar
como um governante eficaz e honrado, com a guerra contra a corrupção
como bandeira.
Antes de protagonizar o golpe de Estado que depôs o presidente
Sidi Mohamed Ould Cheikh Abdallahi no ano passado, Abdelaziz
comandava a influente Guarda Presidencial, encarregada da segurança
do presidente e de outros importantes políticos do país.
Abdelaziz, que tem 53 anos, é membro da célebre tribo guerreira
Oulad Bou Sbaa e nasceu na região de Inchiri, cerca de 200
quilômetros ao norte de Nuakchott.
Formado na academia militar de Meknès, no Marrocos, se alistou no
Exército mauritano em 1977, onde se destacou por sua coragem e seu
sentido tático.
No entanto, é atribuída a ele grande parte da responsabilidade do
fracasso do golpe de Estado contra o antigo presidente Maaouya Ould
Taya, em junho de 2003.
Dois anos mais tarde, em 3 de agosto de 2005, teve uma
participação importante no levante militar contra esse mesmo
presidente.
Segundo testemunhos do gabinete militar de transição até as
eleições de 2007, Abdelaziz foi o responsável de encurtar o prazo de
transição até o pleito, dos 24 meses fixados em princípio para 19.
Além disso, foi ele que, de acordo com esses testemunhos, obrigou
seu primo e chefe da Junta Militar, o coronel Ely Ould Mohammed
Vall, a abandonar sua ideia de se manter no poder caso nenhum
candidato conseguisse pelo menos a metade dos votos no primeiro
turno das eleições presidenciais de 2007.
Esse pleito foi vencido pelo deposto presidente Abdallahi, que na
ocasião conseguiu o apoio da fatia mais influente da população do
país.
Agora, será o próprio Abdelaziz, casado e pai de seis filhos, que
se submeterá ao julgamento da nação, em eleições nas quais
enfrentará seu primo Vall e o eterno candidato à Presidência, Ahmed
Ould Daddah. EFE