Londres, 15 jul (EFE).- O preço do barril de petróleo enfrentará
"incertezas" por pelo menos mais dois anos, nos quais uma lenta
recuperação econômica e de demanda poderia "congelá-lo" em torno dos
US$ 60, menos da metade do valor máximo alcançado no ano passado.
As informações foram concedidas hoje pelo diretor da área de
mercados petrolíferos da Agência Internacional da Energia (AIE),
David Fyfe, que afirmou, no entanto, que fazer prognósticos é
"extremamente complicado, devido ao nível de volatilidade atual que
nunca foi registrado antes".
Durante seu discurso no XX Fórum Mundial do Petróleo, realizado
nesta semana em Londres, Fyfe explicou que a recuperação do preço do
petróleo não está diretamente ligada ao fim da recessão global, mas
se estenderá, porque uma parte da demanda já foi eliminada.
"Há dados para acreditar que uma parte da demanda foi eliminada,
já que, com a crise, o interesse dos Governos pela eficiência
energética aumentou, uma tendência que provocou uma queda no consumo
que não vai se recuperar", disse.
Segundo as últimas previsões da AIE, a demanda mundial de
petróleo no período de 2008 a 2014 evoluirá entre uma queda anual de
0,2% e um aumento de 0,6%, muito abaixo de suas estimativas
anteriores, que apontavam um aumento de 1,6%.
Para chegar a estes números, a agência considerou dois cenários
macroeconômicos, que contemplam um crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) global de 3% e 5%, respectivamente.
Além da demanda, Fyfe afirmou que a capacidade de produção de
petróleo também terá uma desaceleração "não por questões físicas,
mas pela incapacidade de chegar a algumas jazidas por decisões
políticas e corporativas".
"A queda do investimento das empresas privadas, o atraso em
alguns projetos por falta de liquidez e os problemas geopolíticos em
alguns territórios com grandes jazidas vão estagnar os níveis de
produção na próxima década", assinalou o especialista. EFE