Paris, 11 jun (EFE).- A Agência Internacional da Energia (AIE)
revisou levemente para cima sua previsão de consumo mundial de
petróleo este ano, devido a uma maior demanda das petroquímicas, mas
afirmou que pode ser um movimento pontual e que ainda não há
evidências de recuperação.
Em seu relatório mensal sobre o petróleo publicado hoje, a AIE
atribuiu a recente alta do preço do barril de petróleo
essencialmente à percepção nos mercados de que há sinais de uma
recuperação da economia mundial, mas também, ultimamente, a
movimentos especulativos.
Essa conclusão deriva de que a escalada de mais de 20% do preço
do barril entre maio e o início de junho, até superar a barreira dos
US$ 70, "parece difícil de justificar só" pelos fatores do mercado.
A agência, que reúne os principais países consumidores de energia
que pertencem à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE), calcula que a demanda mundial de petróleo será
este ano de 83,3 milhões de barris diários, uma queda de 2,9% a
respeito de 2008, mas também 120 mil barris a mais do que estimava
há um mês.
Essa correção para cima se deve, integralmente, às novas
perspectivas de consumo nos 30 países da OCDE, que, de acordo com os
dados da agência, absorverão 45,2 milhões de barris diários em 2009,
o que, em qualquer caso, representa uma queda de 4,9% a respeito do
ano anterior.
Os autores do estudo justificaram esses 120 mil barris
suplementares basicamente com uma demanda superior à antecipada na
atividade petroquímica, e alertaram que isso pode ser devido apenas
a que esta indústria procedeu um aumento de suas reservas.
No entanto, enfatizaram que, nos países desenvolvidos, o consumo
de combustíveis para o transporte "continua sendo muito fraco", o
que sugere que, nesses setores, não há sinais de inflexão.
No resto do mundo, apesar de os dados de abril indicarem uma
pequena alta da demanda na África e na Ásia, esse efeito foi
cancelado pela queda no Oriente Médio.
Sobre a produção mundial, em maio, voltou a cair em 220 mil
barris diários, para 83,7 milhões - 3,2 milhões a menos que um ano
antes -, e considerando que a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) aumentou sua contribuição em 160 mil barris diários.
A AIE revisou para cima as estimativas sobre contribuição dos
países de fora da Opep, em 170 mil barris, para 50,5 milhões de
barris diários este ano - 100 mil a menos que em 2008 -, por um
aumento das expectativas do petróleo que chegará de novos poços na
Rússia, da Colômbia, e por uma queda menos pronunciada nas
plataformas do Mar do Norte.
Os responsáveis do relatório preveem que a demanda dirigida ao
cartel petrolífero, após ter diminuído até 27,3 milhões de barris
diários no segundo trimestre, subirá a 27,9 milhões no terceiro,
antes de moderar para 27,4 milhões no quarto trimestre.
As reservas industriais de petróleo nos países da OCDE aumentaram
em 10,4 milhões de barris em abril, para 2,753 bilhões de barris,
7,5% a mais que as existentes na mesma data do ano passado, e
cobriam 62 dias de consumo. Além disso, os dados preliminares de
maio indicam um novo aumento de 30,5 milhões.
A AIE afirmou que uma alta do preço do petróleo, se for
sintomática de uma gradual recuperação econômica, "em si mesmo não é
ruim", já que permite investir mais dinheiro na prospecção de novos
poços.
Mas, ao mesmo tempo, advertiu contra a ideia de manter um novo
preço ideal, já evocada pela Opep, porque "um consenso arbitrário e
inflexível" pode afetar a própria recuperação. EFE