Rio de Janeiro, 27 ago (EFE).- O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que o Brasil tem de ser mais
aberto nas trocas comerciais com os países da América Latina e
eliminar os impedimentos para reduzir os elevados superávits que
acumula com a maioria das nações da região.
"Brasil tem de ser mais aberto e não apenas com as tarifas. De
nada serve reduzir as tarifas se existem tantas dificuldades",
afirmou o chanceler ao referir-se às queixas dos países sobre as
barreiras não tarifárias que o Brasil impõe em seu comércio com os
vizinhos.
"Não sou técnico, mas é preciso olhar isso. Temos de pensar se os
produtos enfrentam essas mesmas dificuldades quando circulam dentro
do Brasil, de um estado para outro", acrescentou Amorim em
declarações à imprensa após participar no Rio de Janeiro do
seminário "A integração latino-americana em Foco".
O ministro admitiu que as maiores reclamações que escutou nas
reuniões preparatórias à visita que o presidente colombiano, Juan
Manuel Santos, realizará na próxima semana ao Brasil foram sobre as
barreiras não tarifárias brasileiras.
"A maior dificuldade que dizem ter as empresas colombianas são
sanitárias, fitossanitárias e de controles técnicos", disse.
Acrescentou que os equatorianos alegam que têm dificuldades para
exportar produtos ao Brasil e que isso impede reduzir o enorme
superávit brasileiro em seu comércio, ao qual vende US$ 1 bilhão ao
ano e do qual compra apenas US$ 30 milhões.
"Temos de adotar os procedimentos burocráticos para uma era de
integração", disse Amorim ao defender a revisão das barreiras
brasileiras às exportações dos países latino-americanos.
Amorim admitiu que, às vezes, é difícil levar a burocracia por
isso que é necessário que a integração passe a ser parte de um plano
do país e não apenas um desejo do presidente ou da Chancelaria.
"É necessário que todos estejam compenetrados com a integração",
disse o funcionário ao citar organismos como o departamento
fitossanitário do Ministério da Agricultura, o Inmetro e a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.
O ministro disse que o próprio Mercosul, após ter avançado
significativamente neste ano com a eliminação da dupla tarifa
interna e a criação de um código alfandegário, ainda tem de avançar
muito mais.
Assegurou que o Mercosul também tem de ampliar a cobertura de
seus acordos sobre serviços, investimentos e compras governamentais
com os outros países da América do Sul, até agora limitados a um
acordo sobre serviços com o Chile e a negociações sobre serviços com
a Colômbia.
"Estamos discutindo liberar serviços com os Estados Unidos e a
União Europeia e não discutimos com membros do Mercosul. Temos de
dar um salto em serviços e investimentos", disse.
"Brasil é um grande país e está destinado a ter uma grande
presença no mundo, mas, em termos econômicos e comerciais, os
grandes jogadores do mundo serão os grandes blocos. E América Latina
pode ser um bloco com peso na economia regional", disse ao insistir
na integração. EFE