Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - As forças governamentais sírias lançaram bombas de barril em Aleppo praticamente todos os dias este ano, o que equivale a crime de guerra contra civis, enquanto os ataques dos insurgentes têm causado vítimas em massa, disseram investigadores da ONU nesta terça-feira.
Segundo o mais recente relatório da ONU, tanto os militares sírios como os rebeldes, incluindo o Estado Islâmico, impuseram cercos de "efeito devastador", privando os moradores de alimentos e medicamentos e levando à desnutrição e à fome.
"A campanha do governo de bombardeios e ataques aéreos situa-se lado a lado com a detenção e desaparecimento de homens em idade de combate em postos de controle de áreas em conflito", disse o presidente da comissão de investigação da ONU, o brasileiro Paulo Pinheiro, em um relato ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
"Disparos em áreas habitadas por civis, por grupos armados não estatais -incluindo o EIIL (Estado Islâmico), Jabat al-Nusra e Jaysh Al-Islam, mas não limitados a esses grupos- têm aterrorizado homens, mulheres e crianças que vivem em localidades sob o controle do governo", disse.
Mais de 220.000 pessoas foram mortas no conflito iniciado há quatro anos, que já resultou em mais de 4 milhões de refugiados.
Este ano, aviões e helicópteros do governo bombardearam áreas da província oriental de Aleppo, "principalmente com bombas de barril, em uma base quase diária", disseram os peritos independentes. Seus bombardeios de vilas e cidades em Deraa e Idlib também se intensificaram.
Os investigadores, que elaboraram até cinco listas confidenciais de suspeitos de crimes de guerra, de todas as partes no conflito, advertiram: "As rotas de voo de helicópteros responsáveis pelo lançamento de bombas de barril estão sendo documentadas. As pessoas no comando das bases e pistas de pouso onde os helicópteros são carregados e de onde eles decolam deverão ser responsabilizadas."