Por Roberto Samora e Marta Nogueira
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Trabalhadores de várias unidades da Petrobras (SA:PETR4) estão em greve desde o fim da noite de quinta-feira, em uma paralisação de 24 horas contra o novo governo do presidente interino Michel Temer e o plano de venda de ativos da estatal, mas não há expectativas de paradas de produção.
Segundo informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP), funcionários de várias bases do Sistema Petrobras iniciaram o corte na rendição dos turnos das unidades operacionais.
O movimento também atinge algumas plataformas na Bacia de Campos, principal região produtora de petróleo, mas como se trata de uma greve curta duração, atividades como a extração de petróleo acabam não sendo impactadas, com as gerências das unidades assumindo os trabalhos.
"Não terá parada de produção", afirmou o diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra.
O sindicato, filiado à FUP, representa os trabalhadores da Bacia de Campos.
Procurada, a estatal afirmou que "as atividades da companhia estão dentro da normalidade".
Entretanto, segundo Bezerra, o movimento desta sexta-feira abre caminho para outras paralisações e tem como objetivo preparar uma grande greve em algum momento neste ano.
O sindicalista destacou que a greve de novembro do ano passado, que foi a maior em 20 anos, contra a venda de ativos, foi preparada após diversas mobilizações que começaram em julho.
Neste ano, Bezerra acredita que os movimentos terão mais força, já que os sindicalistas discordam fortemente do novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, que ao assumir o cargo defendeu os desinvestimentos e o fim da obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora única do pré-sal.
"Ele quer entregar o nosso petróleo para estrangeiros", disse.
Endividada e diante de preços mais baixos do petróleo, a Petrobras tem como meta obter mais de 14 bilhões de dólares em 2016 por meio da venda de ativos, visando reduzir a alavancagem.
A FUP afirmou que trabalhadores de dez plataformas de petróleo da Bacia de Campos também aderiram ao movimento.
No Terminal da Transpetro de Cabiúnas, em Macaé (RJ), o corte de turno foi feito às 23h, disse a FUP em nota. O mesmo aconteceu na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Terminal de Campos Elíseos e na Termoelétrica Governador Leonel Brizola, em Duque de Caxias (RJ), segundo a federação.
No Paraná, os trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) estão parados desde a zero hora de sexta-feira.
Na Bahia, nos campos de produção terrestre do Ativo Norte, que foram colocados à venda pela Petrobras, segundo a FUP, os petroleiros iniciaram a greve na manhã de quinta e seguirão de braços cruzados até o final desta sexta-feira.
A paralisação nacional de 24 horas foi aprovada em todos os sindicatos da FUP, com exceção de Minas Gerais. A maior parte das bases iniciou as mobilizações na manhã desta sexta, segundo a entidade.