Brasília, 6 jan (EFE).- O Banco Central do Brasil anunciou nesta quinta-feira que aplicará um depósito compulsório equivalente a 60% das posições que os bancos mantêm em dólares, sempre que superem os US$ 3 bilhões e o valor patrimonial de referência da instituição.
Segundo o BC, a medida é dirigida a conter o forte processo de valorização da moeda nacional frente ao dólar, que nos últimos oito anos se desvalorizou 108% em sua relação com o real.
O diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, explicou em entrevista coletiva que, em dezembro, as operações em moeda americana dos bancos que operam no país somaram US$ 16,8 bilhões, diante da expectativa de o processo de valorização do real se manter.
O depósito compulsório de 60% não será remunerado, será recolhido em dinheiro e os bancos terão prazo de 90 dias para adaptar-se à medida, disse Mendes, quem detalhou que a decisão tem como objetivo conter as posições "especulativas" das instituições financeiras.
No ano passado, o Banco Central chegou a comprar US$ 41 bilhões para conter a valorização do real, mas esse esforço monetário teve impacto mínimo no mercado.
Pelos dados do Banco Central, durante o ano 2010 o real ganhou 4,6% em sua relação com o dólar e acumula alta de 108% desde 2003, o que encarece as exportações do país e afeta diretamente a balança comercial.
O Governo considera o fator cambial como uma das causas da queda de 20% registrada em 2010 no superávit comercial do país, que foi de US$ 20,278 bilhões.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta semana que a valorização do real é uma das maiores preocupações do Governo da presidente Dilma Rousseff.
Para Mantega, a nova presidente está decidida a evitar que "o dólar se derreta" no Brasil e "está pronto" para intervir, inclusive com medidas que favoreçam o setor exportador além do fator cambial.
Mantega anunciou que "haverá uma ação fiscal forte do Governo neste primeiro ano" que incluirá cortes orçamentários, o qual "terá impacto ainda a mudança, porque a redução de despesas significa que a demanda do Estado vai diminuir". EFE