Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar abandonou as leves oscilações com que vinha trabalhando ante o real e passou a subir após notícia de que o governo adiou a retomada das negociações para a reforma da Previdência, um dos principais pontos para o ajuste das contas públicas.
Até então, a moeda vinha exibindo pequenas variações, após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, não mencionar política monetária do banco central dos Estados Unidos durante seu discurso em Jackson Hole, e à espera do discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, no mesmo simpósio.
Às 15:41, o dólar avançava 0,27 por cento, a 3,1559 reais na venda, depois de bater a máxima de 3,1636 reais. O dólar futuro subia cerca de 0,30 por cento.
"A notícia serviu de estopim para uma leve realização de lucros. O adiamento estressa, mas os investidores ainda não jogaram a toalha", comentou o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.
Fontes palacianas ouvidas pela Reuters informaram que o governo adiou mais uma vez a retomada da negociação sobre reforma da Previdência, apesar de manter a aposta na aprovação até o final deste ano. Isso enquanto tenta aprovar rapidamente as medidas econômicas enviadas ao Congresso, entre elas o aumento da meta de déficit fiscal para 2017 e 2018.
Por causa do fraco crescimento econômico, o governo tem tido uma arrecadação insuficiente e, mesmo após corte de gastos, teve de elevar as metas fiscais deste e do próximo ano para um déficit de 159 bilhões de reais. Além disso, para ajudar nas contas, está tentando passar a Taxa de Longo Prazo (TLP) no Congresso, com menores subsídios nos empréstimos do BNDES, e vai privatizar várias empresas.
No caso da TLP, a aprovação do texto base da medida provisória em comissão mista e no plenário da Câmara dos Deputados nesta semana trouxe um viés mais otimista para os investidores. A votação dos destaques da matéria está marcada para a próxima terça-feira e, se passar, segue para apreciação do Senado. A MP tem validade até 7 de setembro.
Embora sem muito vigor, o dólar trabalhou predominantemente em queda até então, após a chair do Fed não falar sobre política monetária em seu discurso.
Yellen disse que as reformas implementadas após a crise de 2007 a 2009 fortaleceram o sistema financeiro sem prejudicar o crescimento econômico, e qualquer mudança futura deve continuar modesta.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, após a falta de surpresas no discurso da chair do Fed.