Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A fornecedora de equipamentos de energia eólica Nordex Acciona iniciará em maio operações de uma nova fábrica de componentes no Brasil, uma unidade de produção de torres no Piauí com investimento entre 20 milhões e 30 milhões de reais, disse à Reuters um executivo da companhia nesta quinta-feira.
Com a nova fábrica, a empresa fruto de uma fusão entre a alemã Nordex e a espanhola Acciona prevê ganhos logísticos e de custos para suas operações no país, onde já possui 1 gigawatt em turbinas instaladas e mais quase 200 megawatts em contratos assinados para entrega futura.
Os negócios foram fechados a partir da chegada da empresa ao país, em 2012, junto a investidores que conquistaram contratos em leilões promovidos pelo governo para a construção de usinas de geração.
"Se você olhar o 'market share' dos últimos leilões, nos últimos dois ou três anos, a gente está mantendo de 15 a 20 por cento de participação, e nosso objetivo é manter essa fatia", disse o diretor da empresa para o Brasil, Daniel Berridi.
Além da unidade no Piauí, que será inaugurada em cerimônia oficial na próxima sexta-feira e terá capacidade de suportar 250 megawatts em turbinas por ano, a empresa possui uma fábrica de montagem de nacelles na Bahia, com capacidade de 500 megawatts a 600 megawatts anuais.
Neste momento, a empresa negocia com investidores que participaram de leilões em dezembro passado para tentar fechar mais contratos.
As tratativas acontecem em um momento de forte competição na indústria eólica do país, uma vez que houve dois anos sem licitações antes das realizadas em dezembro, que contrataram 1,45 gigawatt em novas usinas eólicas que precisarão entrar em operação entre 2021 e 2023.
"A competição aumentou muito. Todos os fornecedores estavam, com dois anos sem leilões, com fábricas com perspectiva de ficarem paradas... tem uma briga enorme para levar os contratos", afirmou Berridi.
Ele disse, no entanto, que a Nordex Acciona tem certeza de que continuará sua aposta no Brasil e já está em contato também com investidores que disputarão um novo leilão de energia do governo, o chamado "A-4", em 4 de abril, para usinas que precisarão ser concluídas em 2022.
"Estamos otimistas... as perspectivas das renováveis, e especificamente da eólica no Brasil são muito boas... achamos que o Brasil vai ter um crescimento muito interessante para a companhia e por isso estamos nos preparando para esse período", afirmou.
Além da Nordex Acciona, possuem unidades no Brasil a dinamarquesa Vestas, a norte-americana GE, a Siemens-Gamesa, associação entre o conglomerado industrial alemão e uma fabricante espanhola, a alemã Enercon e a WEG (SA:WEGE3), que é catarinense.
Mais recentemente, a chinesa Goldwind também fechou o primeiro contrato no Brasil, mas para importação de seus equipamentos.
(Por Luciano Costa)