Por Stefani Inouye
SÃO PAULO (Reuters) - Os aplicativos de transporte urbano como Uber [UBER.UL], Cabify e 99 também sentiram o impacto da greve dos caminhoneiros, que atingiu nesta segunda-feira seu oitavo dia em diversos Estados do país.
A falta de combustível em cidades do país fez com que motoristas deixassem de oferecer serviço pelos aplicativos, ao mesmo tempo em que a busca por alternativas ao transporte público, com a queda de circulação de ônibus coletivos, aumentou a demanda das empresas.
Como resultado, nos últimos dias, o Uber registrou preços de corrida acima do normal, seguindo o preço dinâmico adotado pela empresa.
O Brasil é o maior mercado do Uber em corridas atrás dos Estados Unidos e São Paulo é a cidade número 1 do Uber no mundo, afirmou à Reuters em abril Andrew Macdonald, que administra as operações na América Latina.
São Paulo decretou estado de emergência na sexta-feira passada e tem operado com frota de ônibus coletivos reduzida. Na terça-feira, 60 a 70 por cento da frota da cidade deverá operar, informou a prefeitura.
"Assim como todos os brasileiros, a Uber acompanha com atenção as notícias sobre a crise de abastecimento no país. Neste momento, reforçamos nossos canais de atendimento para estar em contato permanente com os parceiros e usuários e prestar o suporte que for possível", afirmou a companhia, que no início do ano informava ter mais de 150 mil motoristas vinculados à sua plataforma no Estado de São Paulo.
A rival Cabify também fez um ajuste de preços para atender às necessidades dos motoristas, que enfrentaram um aumento nos preços dos combustíveis. Em nota, a empresa divulgou ter feito uma alteração da tarifa mínima em determinadas cidades por período indeterminado, mas afirma estar "estudando as melhores formas para balancear o impacto dessa alta no preço do combustível sem que isso inviabilize a prestação de serviços pelo motorista e atinja diretamente os valores cobrados dos usuários".
"A empresa entende que o aumento nos preços dos combustíveis pode impactar diretamente no ganho dos motoristas parceiros, comprometendo consideravelmente seus gastos com a prestação de serviço que", afirmou a Cabify.
A 99, por sua vez, controlada pela chinesa Didi Chuxing, definiu um teto no preço variável em cidades de todo o país. "Com a iniciativa, esperamos equilibrar a oferta e a demanda de carros particulares (Pop) sem incorrer em preços atípicos", afirmou a empresa.
Além da definição do teto, a 99 informou que tem promovido serviço para ajudar os motoristas do aplicativo a encontrarem combustível e com informações sobre condições de trânsito. O plantão de comunicação, criado na última sexta-feira, contou com a participação de mais 32 mil motoristas parceiros da empresa em todo o Brasil.
Contatadas, nenhuma das empresas divulgou dados sobre número de motoristas em atividade ou sobre impactos da greve dos caminhoneiros no número de viagens.
(Por Stéfani Inouye)