Por Aislinn Laing e Dave Sherwood
SANTIAGO (Reuters) - A polícia e procuradores do Chile realizaram nesta quarta-feira operações separadas e inesperadas em escritórios da Igreja Católica para apreender documentos relacionados às crescentes reivindicações de abusos sexuais e acobertamentos.
As operações aconteceram somente horas antes de investigadores de abusos do Vaticano enviados pelo papa Francisco se encontrarem com o procurador-geral do país para discutir colaboração em investigações civis e canônicas.
O arcebispo Charles Scicluna, de Malta, um enviado especial do Vaticano, disse a repórteres que é “muito importante” que a Igreja e o Estado trabalhem juntos para proteger crianças que supostamente foram abusadas por padres e clérigos.
“O processo canônico não deve de nenhuma maneira impedir o direito de pessoas exercerem seus direitos à justiça civil”, disse em entrevista coletiva em Santiago.
Horas antes, a polícia e procuradores realizaram operações no escritório judicial da Igreja em Santiago, surpreendendo líderes da Igreja.
Jaime Ortiz de Lazcano, assessor legal do arcebispo de Santiago, disse que estava em encontro com Scicluna quando foi solicitado a ir para audiência em tribunal sobre a apreensão iminente de documentos relacionados a um caso de abuso que a Igreja havia investigado em janeiro.
“Eu fiquei muito surpreso quando disseram para mim: ‘Padre, vá ao tribunal porque haverá uma operação’”, disse a repórteres.
“Não é comum que procuradores solicitem informações de uma investigação canônica, mas nós estamos inteiramente dispostos a cooperar”.
O procurador Emiliano Arias disse a repórteres do lado de fora da operação em Santiago que está investigando “indivíduos trabalhando para a Igreja Católica, não a Igreja Católica em si”.