Por Karen Freifeld
NOVA YORK (Reuters) - Procuradores federais concederam imunidade ao diretor financeiro da Trump Organization em uma investigação envolvendo Michael Cohen, ex-advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acordo com uma pessoa familiar ao assunto.
O acordo de imunidade para o diretor financeiro Allen Weisselberg foi relatado pela primeira vez pelo Wall Street Journal, que também informou que ele foi chamado para prestar depoimento perante grande júri federal mais cedo neste ano.
Weisselberg recebeu imunidade há meses, disse uma das pessoas familiares ao assunto à Reuters. A fonte se negou a fornecer mais detalhes.
Um acordo de cooperação entre Weisselberg e procuradores pode ser prejudicial ao presidente por conta do papel de longa data do diretor financeiro nos assuntos de negócios de Trump. Weisselberg tem trabalhado para família Trump há mais de quatro décadas, incluindo como tesoureiro da Donald J. Trump Foundation, e é uma das pessoas a quem Trump confiou seus negócios antes de assumir a Presidência.
Rudy Giuliani, um advogado do presidente, disse não saber sobre o que Weisselberg havia sido interrogado. Mas Giuliani disse que a equipe legal de Trump analisou negociações comerciais do executivo e não encontrou nada que pode prejudicar o presidente.
“Eu sei o que ele sabe e nada disto é preocupante para nós”, disse Giuliani. “Não há nada que ele possui que poderia machucar”.
Nicholas Biase, um porta-voz do escritório do procurador dos EUA em Manhattan, que tem liderado a investigação Cohen, se negou a comentar, assim como a Casa Branca. A Trump Organization não respondeu um pedido de comentário. Alan Futerfas, um advogado externo para a companhia sediada em Nova York, se negou a comentar.
Cohen – que organizou pagamentos para compra de silêncio pouco antes da eleição presidencial norte-americana de novembro de 2016 para duas mulheres que disseram ter tido casos com Trump em 2006 – se declarou culpado na terça-feira em Nova York por violações financeiras de campanha e outras acusações criminais. Trump negou ter feito sexo com qualquer uma das mulheres.
Cohen disse que Trump o orientou a organizar um pagamento de 150 mil dólares para a ex-modelo da Playboy Karen McDougal e um pagamento de 130 mil dólares para a atriz pornô Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford.
Tais pagamentos podem ser considerados contribuições ilegais de campanha sob lei eleitoral federal, de acordo com especialistas.
O tabloide National Enquirer, da American Media Inc, está envolvido na realização dos pagamentos, de acordo com reportagens da mídia. O chefe-executivo da American Media, David Pecker, um amigo de longa data de Trump, e o diretor de conteúdo da companhia, Dylan Howard, também receberam imunidade, relatou a revista Vanity Fair.
Especialistas disseram que acordos são um sinal de que Weisselberg, Pecker e Howard enfrentavam exposição criminal porque o governo não concedeu imunidade facilmente.
“Isto é ruim para Trump porque quanto mais testemunhas você tem, em termos de pessoas que possam testemunhar, não somente sobre o que aconteceu, mas o porquê de ter acontecido, mais provável é que a acusação estabeleça o motivo por trás da participação de Trump neste acordo”, disse Jens Ohlin, professor da faculdade de direito da Universidade Cornell.
A maioria dos especialistas legais concorda que um presidente não pode ser indiciado enquanto está no cargo, mas acusações de que Trump esteve envolvido em um crime podem pesar em um debate sobre um possível impeachment.