Genebra, 30 out (EFE).- A criação do primeiro remédio contra a tuberculose resistente a medicamentos em 50 anos, lançado em dezembro de 2012, pode ser desperdiçado caso não haja investimentos em pesquisa e garantias de acesso aos países de baixa renda, os que mais sofrem com a doença, denunciou nesta quarta-feira Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Este novo remédio, a bedaquilina, é utilizado somente para tratar a tuberculose multirresistente - resistente aos medicamentos convencionais - e foi aprovado em 2012 nos Estados Unidos, indicou a organização em comunicado.
Um tratamento de seis meses a base de bedaquilina custa cerca de US$ 3 mil, embora o medicamento precise ser combinado com outros remédios, o que aumenta seu custo final e o torna quase inviável aos países mais pobres.
"Necessitamos de um grande compromisso por parte da comunidade científica mundial, assim como um importante investimento em um momento em que a pesquisa da doença está diminuindo", explicou o conselheiro político da campanha da MSF sobre esta questão, Sharonann Lynch.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), menos de 20% dos casos de tuberculose resistente a medicamentos são diagnosticados e tratados.
O tratamento contra a doença é "longo, árduo e custoso", já que somente 50% das pessoas que se submetem a um tratamento conseguem superar a tuberculose.
"O novo remédio é obviamente uma grande ajuda, mas o que realmente necessitamos é de novas combinações de fármacos para tratar a tuberculose multirresistente", assegurou a assessora para a tuberculose da MSF, Cathy Hewison.
"Se não oferecermos um método totalmente novo, mais tolerável e eficaz aos pacientes, a oportunidade de aprimorar o tratamento será desperdiçada", finalizou. EFE