Por Allison Lampert e Allison Martell
MONTREAL/TORONTO (Reuters) - Companhias aéreas mundiais vão procurar obter "informação neutra" para a utilização ou não do espaço aéreo de zonas de conflitos durante uma reunião da agência de aviação da Organização das Nações Unidas e outras entidades nesta terça-feira, disse uma fonte do setor aéreo baseada na Europa.
A agência da ONU, a Organização Internacional da Aviação Civil (Icao, na sigla em inglês), convidou dirigentes do setor aéreo, de aeroportos e de redes de controle de tráfego aéreo para a reunião em Montreal, a fim de discutir o que precisa ser mudado para garantir que as companhias aéreas voem com segurança, após a queda de um avião da Malaysia Airlines na Ucrânia em 17 de julho, que matou 298 pessoas.
O encontro deve ouvir pedidos de maiores poderes internacionais para intervir quando um país fracassa em monitorar seu espaço aéreo. A queda do avião malaio ocorreu após a Ucrânia ter deixado abertos corredores aéreos que ficavam dentro do alcance de mísseis - aos quais se atribui a derrubada da aeronave em pleno voo.
Companhias aéreas, representadas pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), dirão no encontro que elas precisam urgentemente de melhorar o acesso a "informação neutra baseada em critérios objetivos", disse a fonte do setor.
"Companhias aéreas não têm espiões da CIA trabalhando para elas", disse a fonte, que falou em condição de anonimato. "As empresas têm que decidir se voam ou não baseadas em informação precisa."
"Mesmo assim, alguns países nunca dizem que há um problema com seu espaço aéreo, mesmo que realmente haja tal problema. Isso não facilita as coisas para as empresas."
Na segunda-feira, a Emirates Airline anunciou que pararia de voar sobre o Iraque para se proteger contra a ameaça de militantes no país.
A Icao atualmente tem um papel limitado e não pode abrir ou fechar espaços aéreos. A entidade emitiu um aviso neste ano, alertando para um risco de jurisdição representado por dois ramos de controladores de tráfego aéreo na região da Crimeia.
Aumentar o papel da Icao para dar a ela mais autoridade para dizer às companhias por onde voar, ou dizer a seus membros o que fazer com seu espaço aéreo, colocaria à prova regras que datam de acordos de paz da Primeira Guerra Mundial e são contempladas na carta de fundação da entidade.
Isso também exigiria que a agência obtivesse informação sensível sobre seus Estados-membros e seus assuntos militares e políticos internos.
Diplomatas dizem que qualquer tentativa de influenciar a soberania de espaço aéreo pode estabelecer precedentes mais amplos que tornariam improvável a obtenção de rápidos resultados. Os EUA já disseram não buscar mudanças nas regras da Icao.
"Avisos não vinculativos podem ser possível", disse outra fonte familiarizada com a Icao. "Companhias aéreas querem o envolvimento da Icao, já que a Icao pode ter melhor acesso a fontes de inteligência dos governos, e isso pode ajudar a passar informações melhores às empresas."
(Reportagem adicional de Tim Hepher em Paris)