Nova York, 31 jul (EFE).- O fundo especulativo que lidera o processo contra a Argentina pelo pagamento de dívida, o NML, comunicou que o país sul-americano "escolheu a moratória", em oposição às "soluções criativas" do mediador, enquanto o Bank of New York Mellon (Bony) se desculpou com os credores em um comunicado.
Nas horas seguintes à moratória seletiva declarada na Argentina pela agência de qualificação Standard & Poor's e depois destacada pelo mediador da negociação entre o país e os chamados "fundos abutres", as partes continuaram manifestando suas reações publicamente.
O fundo NML, filial da Elliot Management e líder do processo julgado pelo magistrado americano Thomas Griesa em Nova York, declarou que muitas dessas "soluções criativas" propostas pelo mediador da negociação, Daniel Pollack, foram "aceitáveis" para eles, mas que "a Argentina rejeitou considerar seriamente qualquer uma delas e, em vez disso, escolheu a moratória".
O comunicado foi emitido horas depois que o ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, rejeitou o termo "moratória" para a situação do país, após não chegar a um acordo a tempo para desbloquear o pagamento aos credores de dívida reestruturada que o juiz Griesa congelou, por acreditar que a postura argentina desrespeita a cláusula "pari passu" (no jargão jurídico, com igualdade de condições).
A cláusula impede que os "fundos abutres" fiquem sem receber o pagamento enquanto os outros credores, que aceitaram a troca de 2005 e 2010, recebem; e fez com que o depósito de US$ 1,031 bilhão feito pela Argentina em 26 de junho ficasse parado em vários bancos por recomendação de Griesa, que considerou que se o dinheiro chegasse aos credores, seria desacato à autoridade.
Assim, o Bank of New York Mellon (Bony), que recebeu US$ 539 milhões em sua conta no Banco Central da República, ainda está com esse dinheiro congelado e a moratória seletiva que o Standard & Poor's declarou se referiu unicamente a esse fundo.
O banco nova-iorquino emitiu hoje um comunicado no qual explicou aos credores a situação, ainda sob "recomendação" do juiz, mas não sobre uma ordem judicial.
"Até o momento, o tribunal não emitiu uma ordem sobre a moção do administrador (nesse caso, o Bony). Segundo as ordens anteriores do Tribunal, o administrador continuará mantendo os fundos em suas contas do Banco Central (da República)", explica o comunicado.
O Bony acrescentou que ficará aguardando essa nova ordem cuja "natureza e data ainda não são conhecidas".
Por último, embora a instituição deixe à disposição dos credores um endereço de e-mail de consulta, afirmam que os credores "não deveriam ter o banco como única fonte de informação" e que o Bony "não faz recomendações e não dá assessoria legal ou de investimento" aos lesados.