BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou nesta sexta-feira que a Polícia Federal tem autonomia para investigar, mas não para cometer erros, e prometeu implementar medidas para garantir maior rapidez nos processos oriundos de casos de corrupção como forma de aumentar o combate contra a impunidade.
"Qualquer órgão integrado por pessoas pode cometer um equívoco, pode cometer um erro", disse a presidente a jornalistas no Palácio da Alvorada.
"Sempre, em qualquer circunstância, terá de ser investigado, porque autonomia não significa autonomia para cometer erros, para cometer coisas incorretas", acrescentou.
As declarações ocorrem depois que policiais federais realizaram, com base em denúncia anônima sobre supostas irregularidades, uma busca em um avião da campanha do senador Edison Lobão Filho (PMDB), candidato ao governo do Maranhão e filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
A ação foi criticada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, ambos peemedebistas.
Segundo a presidente, foram tomadas providências para investigar a acusação do vice-presidente de que a ação da PF intimidou o candidato a governador, e disse que a denúncia anônima também será apurada.
"Uma das coisas que a gente tem que garantir, principalmente em processos eleitorais, é que órgãos governamentais não sejam usados em proveito de um ou de outro candidato", disse Dilma.
A presidente apresentou cinco propostas para agilizar os processos de casos de corrupção, como a criminalização da prática de "caixa 2" e criação de uma nova estrutura no Judiciário para dar maior eficácia nas investigações e processos promovidos contra agentes com foro privilegiado. Ela reiterou que a impunidade é um "mal" que garante a ocorrência desses crimes.
ENERGIA
Durante coletiva de imprensa concedida após uma longa conversa com blogueiros, Dilma rebateu as críticas da candidata do PSB ao Planalto, Marina Silva, que afirmou que se a economia brasileira tivesse mantido o ritmo de crescimento de governos anteriores não haveria uma "grave" crise de energia.
"Não é especialidade da dona Marina a questão da energia no Brasil, eu levo como uma opinião da candidata. Agora, acredito que a candidata talvez não saiba que aumentamos e ampliamos as redes de transmissão e o fornecimento de energia", rebateu Dilma.
Segundo a presidente, sua gestão criou o dobro de linhas de transmissão em relação aos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso e se equiparou aos dois mandatos tucanos em termos de quantidade de energia gerada. Ela disse ainda que conseguiu não haver racionamento em seu governo, mesmo com a grave seca que atinge grandes regiões do país.
(Reportagem de Nestor Rabello)