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Banco Mundial defende mais investimentos contra mudança climática

Publicado 15.09.2009, 15:42

Teresa Bouza.

Washington, 15 set (EFE).- O problema da mudança climática só será resolvido se o investimento em pesquisa e desenvolvimento oscilar entre US$ 100 bilhões e US$ 700 bilhões anuais nas próximas décadas, afirmou hoje o Banco Mundial (BM).

Esses investimentos, necessários para transformar os sistemas energéticos mundiais, representam um grande aumento frente aos US$ 13 bilhões anuais de recursos públicos e aos entre US$ 40 bilhões e US$ 60 bilhões de recursos privados investidos atualmente, afirma um estudo publicado hoje pelo BM.

"Os US$ 13 bilhões de dinheiro público que são investidos anualmente em pesquisa e desenvolvimento são muito pouco", disse à Agência Efe Marianne Fay, codiretora do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2010, que este ano se concentra na mudança climática.

"Isso é mais ou menos o que gastam a cada ano os americanos em comida para animais de estimação ou o que meu país, a França, gasta em queijo", afirmou a economista do Banco Mundial.

A especialista afirmou que, nos próximos 10 ou 20 anos, serão construídas mais unidades de energia elétrica do que em toda a história.

Segundo Fay, isso ocorrerá porque muitas das unidades nos Estados Unidos e na Europa construídas nos anos 50 estão chegando ao final de seu ciclo e terão que ser substituídas por novas instalações.

Além disso, segundo Fay, há o previsto aumento das necessidades energéticas no mundo em desenvolvimento, que a economista avaliou em 45% entre hoje e 2030.

"Se essas novas unidades elétricas não produzirem energia de forma limpa, o que ocorrerá é que vão aumentar em quase 50% as emissões de CO2, e o que necessitamos é uma redução de 50%", ressaltou a economista.

Diante dessa situação, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pediu hoje que os países "atuem agora, atuem juntos e atuem de maneira diferente em relação à mudança climática".

Em comunicado divulgado pelo BM, lembrou que "os países em desenvolvimento são afetados pela mudança climática de forma desproporcional" e que são os que estão "menos preparados" para uma crise pela qual "não são responsáveis".

O presidente do BM destacou que "é de vital importância conseguir um acordo equitativo em Copenhague", onde em dezembro acontecerá uma conferência que espera colocar as bases para um grande convênio global que estabeleça as regras após expirar o Protocolo de Kioto, em 2012.

O estudo indica que os países em desenvolvimento podem iniciar o caminho de um baixo nível de emissões de carbono, ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento e diminuem a pobreza, mas isso depende da assistência financeira e técnica dos países ricos.

O relatório indica que os fundos de investimento no clima, administrado pelo BM e executado com os bancos regionais de desenvolvimento, oferecem uma oportunidade para potencializar o apoio das nações mais avançadas, já que esses recursos podem ajudar a reduzir os custos das tecnologias de baixo nível de carbono nos países pobres.

Além disso, o Banco Mundial insistiu em que a crise financeira não pode ser uma desculpa para relegar a mudança climática a um segundo plano.

O documento destaca que, embora as crises financeiras possam provocar grandes danos e desacelerar o crescimento a curto e médio prazo, raramente duram mais do que alguns anos.

A ameaça do aquecimento climático, pelo contrário, "é muito mais séria e duradoura".

Fay destacou que, diante das incertezas provocadas pelo aquecimento do planeta, que os cientistas apontam como responsável pelas maiores secas, inundações e um aumento do nível do mar, é necessária uma mudança de mentalidade.

"Estamos entrando em um período de muitas incertezas", disse a especialista, acrescentando que, antigamente, as colheitas eram escolhidas em função de qual era mais resistente perante um tipo determinado de clima.

"A partir de agora, teremos que escolher colheitas resistentes a diferentes tipos de clima", disse a economista, afirmando que um critério similar terá que reger o design de estruturas como pontes ou outras obras de engenharia civil. EFE

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