Banco Mundial inicia processo de ampliação de capital

Publicado 05.10.2009, 17:07
Atualizado 05.10.2009, 17:35

Teresa Bouza.

Istambul (Turquia), 5 out (EFE).- Os países-membros do Banco Mundial (BM) pediram hoje à entidade para que prepare um relatório sobre suas necessidades de capital depois que os diretores da instituição anunciaram que enfrentará tempos difíceis.

"Comprometemo-nos a assegurar que o Banco Mundial terá recursos suficientes para fazer frente a seus desafios futuros de desenvolvimento", disse hoje o Comitê de Desenvolvimento da entidade, no qual estão representados seus 186 membros, ao final de sua reunião hoje em Istambul (Turquia).

Principal órgão executivo do BM, o comitê encarregou o banco de conduzir uma análise sobre suas necessidades futuras de capital, a qual deverá ser apresentada durante a próxima reunião semestral, marcada para abril de 2010 em Washington.

A decisão abre um processo com o qual o BM procura ampliar sua base de capital para fazer frente às crescentes necessidades do mundo em desenvolvimento.

O presidente do organismo, Robert Zoellick, reforçou hoje em entrevista coletiva que a entidade passará por "sérias limitações" financeiras a partir de meados do ano que vem.

Zoellick lembrou que a crise está fazendo com que a demanda de empréstimos passe dos US$ 100 bilhões previstos para serem concedidos entre 2009 e 2011.

O Banco Mundial triplicou seus empréstimos até US$ 33 bilhões durante o último ano fiscal, concluído em 30 de junho, e espera que essa cifra aumente para pelo menos US$ 40 bilhões no presente exercício.

Porém, nem todos os membros do BM parecem dispostos a dar um cheque em branco para Zoellick.

A ministra da Economia francesa, Christine Lagarde, disse crer durante o encontro realizado em Istambul que o banco não precisa de um financiamento extra.

"O banco tem certamente uma série de opções e margens de manobra que não justificam um aumento de capital neste momento. Essa é a posição da França", disse Lagarde no domingo em declarações à imprensa.

A ministra insistiu hoje durante seu discurso para o Comitê de Desenvolvimento que, caso recursos adicionais sejam entregues, será necessário "garantir os interesses dos países mais pobres".

Similares reservas mostrou o Secretário de Estado de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, Douglas Alexander, ao ressaltar que "o BM continua sendo peça-chave nos esforços da comunidade internacional para reduzir a pobreza".

Mesmo assim, Alexander destacou que o capital adicional tem "custos significativos", como a possibilidade de que a divisão do BM que concede empréstimos sem juros e doações aos países mais pobres não consiga obter os fundos necessários quando começar sua rodada de arrecadação no ano que vem.

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que, antes da tomada de uma decisão sobre o assunto, será preciso estabelecer se os recursos são de fato necessários e ter a segurança de que estes "serão bem administrados e usados de forma efetiva".

Hoje, Zoellick fez questão de tirar a importância desse tipo de comentário e disse que fazem parte do "jogo político".

O responsável pelo BM disse estar satisfeito com o apoio que os países em desenvolvimento deram à iniciativa e assegurou que nações desenvolvidas como Holanda e Espanha também veem o projeto com bons olhos.

Zoellick também expressou o compromisso da instituição de aumentar em pelo menos três pontos percentuais o peso dos países em desenvolvimento na instituição, o que lhes daria 47% do poder de voto.

Esse aumento acompanha o compromisso alcançado na recente cúpula do Grupo dos Vinte (G20, países desenvolvidos e principais emergentes), em Pittsburgh (EUA).

O G20, que concentra quase 70% da economia mundial, também declarou apoio a um aumento de pelo menos cinco pontos percentuais do peso dos emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI). EFE

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