Pequim, 11 jun (EFE).- Os bancos mais importantes do mundo,
reunidos hoje em Pequim, afirmaram que o dólar continuará sendo a
principal moeda de reservas internacionais por muito tempo, apesar
das sugestões de buscar alternativas para amenizar futuras crises
financeiras.
"Se a pergunta é se a crescente importância do iuane (moeda
chinesa) chegará a substituir o dólar, a resposta é que não acho que
esse seja o objetivo dos funcionários chineses", respondeu Charles
Dallara, diretor-gerente do Instituto de Finanças Internacionais
(IIF, na sigla em inglês), em entrevista coletiva.
O IIF, que representa os 390 maiores bancos do mundo, realizou
desde ontem e até amanhã sua reunião de primavera.
Dallara reconheceu que o iuane (ou "renminbi", "moeda do povo",
em mandarim) está adquirindo importância como resposta a "uma
crescente integração da China no sistema financeiro na economia
global".
William Rhodes, presidente do Citibank, reconheceu, no entanto,
que é muito provável que o "renminbi" seja cada vez mais usado em
transações comerciais entre China e países da América Latina ou
África, embora "isto aconteça de forma gradual".
"Para mim, a última consequência de um sistema financeiro
globalizado é uma divisa internacional", disse Paul Volcker,
presidente do conselho assessor para a recuperação econômica dos
Estados Unidos e ex-presidente do Federal Reserve, em seu discurso,
antes do banquete oferecido aos banqueiros no Grande Palácio do Povo
em Pequim.
Essa divisa internacional está "longe da realidade, em um sentido
formal. Enquanto ela não é criada, o dólar facilitou uma aproximação
pragmática e de fácil conduta".
O problema, concluiu Volcker, "é que não há alternativas práticas
hoje e por muito tempo" ao dólar como divisa internacional.
A China, principal detentor do Tesouro americano, teme uma
desvalorização do dólar, o que faria com que o país perdesse valor,
em uma moeda que constitui aproximadamente 70% dos mais de US$ 2
trilhões da reserva de divisas chinesa, a maior do mundo.
"Acho que tem que ficar claro que a principal responsabilidade
dos EUA -em seu próprio interesse, no da China, e no do resto do
mundo- é manter tanto a capacidade de compra do dólar em casa e nos
mercados internacionais, e em um sistema financeiro aberto e forte",
disse Volcker. EFE