Genebra, 7 jul (EFE).- O chefe da missão da ONU que investiga a
mais recente ofensiva militar contra a Faixa de Gaza, o juiz Richard
Goldstone, lamentou hoje a falta de colaboração das autoridades de
Israel para cumprir seu mandato.
"Foi uma desvantagem não contar com a cooperação de Israel, mas
tivemos muita colaboração de outras partes", disse.
Os membros do grupo concluíram uma audiência de dois dias na sede
da ONU em Genebra, durante a qual ouviram testemunhos de vítimas
israelenses e da Cisjordânia, e especialistas em assuntos militares
e em direito humanitário internacional.
"Teríamos preferido tê-la (a audiência) em Israel e na
Cisjordânia, mas Israel não autorizou nossa entrada em seu
território ou passar por ali para chegar à Cisjordânia", disse
Goldstone, judeu e ex-promotor dos tribunais internacionais para a
antiga Iugoslávia e Ruanda.
Afirmou que esta audiência completa a que foi realizada pela
missão em Gaza na semana passada, quando ouviu os relatos de vítimas
residentes nesse território palestino aos quais a missão conseguiu
atravessar através da fronteira com o Egito.
"Foram relatos difíceis de ouvir, mas é importante escutar essas
histórias com a voz e com as palavras das vítimas, compartilhar o
lado humano do sofrimento e que tudo não fique em estatísticas",
disse.
Goldstone ressaltou que o grupo de especialistas tentou desta
maneira "ouvir as vítimas de ambos os lados".
Antecipou também que a missão enviará uma série de perguntas a
Israel, à Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa na
Cisjordânia; e ao Hamas, que controla Gaza.
O magistrado disse que sua equipe concluirá a investigação e
completará seu relatório no próximo mês, para apresentá-lo em
setembro ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. EFE