Pequim, 26 dez (EFE).- A China sobe a partir deste domingo as taxas de juros básicos da economia para 5,81%, em outra medida de Pequim para conter a inflação doméstica, que em novembro chegou a 5,1%, o nível mais alto em 28 meses.
Trata-se do segundo aumento das taxas de juros ordenado pelo Governo chinês, que em 20 de outubro já subiu em 25 pontos básicos este índice.
Pequim tinha se mantido imóvel neste aspecto desde 2007, antes da explosão da crise mundial, mas as incipientes pressões da inflação interna a obrigaram a agir.
Em comunicado publicado em seu site, o Banco Popular da China (PBOC, banco central chinês) reconheceu que o objetivo é lutar contra a inflação doméstica, que assoma como o principal cavalo de batalha macroeconômica para Pequim no curto prazo.
Junto aos juros, o banco central chinês também aumentou a taxa de depósitos bancários em 0,25 ponto percentual, para 2,75%.
Profissionais dos bancos internacional em Pequim assinalaram à Agência Efe que a medida anunciada neste domingo é destinada a drenar a economia e a frear o crédito e os empréstimos.
A afortunada recuperação econômica (à espera de fechar o último trimestre, nos nove primeiros meses do ano a China cresceu a um ritmo superior a 10%) está disparando os preços acima das estimativas oficiais.
Em novembro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da China registrou um aumento de 5,1%, o que acendeu os alarmes no regime comunista, que tinha previsto para o acumulado de 2010 uma inflação de apenas 3%.
A notícia chega depois que o banco central anunciou recentemente uma modificação em sua política monetária, que em 2010 se denominou "moderadamente aberta" e que para 2011 passa a definir como "prudente".
O Governo chinês é consciente da batalha que trava e em suas previsões já deixou transparecer certo pessimismo, já que para 2011 o objetivo de crescimento do PIB se mantém em 8%, mas se dá maior margem à inflação, para 4%.
O regime está preocupado porque o aumento dos preços, especialmente no caso dos alimentos - que representam um terço da cesta da compra do consumidor chinês e que em novembro dispararam mais de 11% - suscite a descontentamento entre a população.
Esta mesma semana, Pequim não pôde ignorar mais a escalada mundial dos preços do petróleo e aumentou em 4% o litro da gasolina e do diesel, que mantém controlados oficialmente abaixo de seu preço real.
A disponibilidade de efetivo dos bancos chineses agravou um pouco mais o problema: em 11 meses emprestaram 7,45 trilhões de iuanes (US$ 1,1 trilhão), limite do objetivo oficial de 7,5 trilhões proposto pelo Governo para todo 2010.
Estes fatos, junto com outros detalhes como a última injeção de dinheiro do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e as pressões para a alta do iuane, estão causando um excesso de liquidez na terceira economia mundial e bolhas em setores como o imobiliário e a bolsa.
Assim, por exemplo, a moradia está há anos ficando mais cara, acima dos duplos dígitos, e alguns economistas locais advertiram que já alcançou um nível crítico do ponto de vista social, já que seu preço é 27 vezes superior à renda anual por família.
De fato, o PBOC já realizou outras iniciativas similares este ano, sobretudo no que se refere ao depósito compulsório dos bancos, que aumentou seis vezes em 2010, para 18,5% (19% no caso dos grandes bancos). EFE