Pequim, 15 fev (EFE).- A China mantém a confiando no euro e o banco central seguirá comprando bônus dos Governos da zona europeia, anunciaram nesta quarta-feira as autoridades do gigante asiático ao concluir em Pequim a cúpula China-União Europeia.
"China apoia os esforços no problema da dívida da zona do euro e confia na moeda única e na economia do bloco", informou um porta-voz chinês após a reunião do presidente da China, Hu Jintao, com os presidentes do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin, ressaltou que a 14ª Cúpula Bilateral China-UE "enviou sinal claro de que quer impulsionar a cooperação contra a crise, aprofundar a associação, impulsionar os desenvolvimentos respectivos e o crescimento sustentável global, injetando vitalidade às relações China-UE".
Acrescentou que foram alcançados consensos importantes para cooperar em investimentos, comércio, ciência, pesquisa, inovação, energia, meio ambiente, proteção ambiental, urbanização e troca de pessoas.
Além de conversar com o presidente Hu, Van Rompuy e Barroso se reuniram nesta quarta com o vice-primeiro-ministro, Li Keqiang, antes de retornar a Bruxelas.
Prévio a visita ao Grande Palácio do Povo, os dirigentes europeus reivindicaram o valor internacional do euro, além da cooperação entre a UE e China em uma exposição sobre a moeda única na Universidade de Estudos Internacionais (UIBE, na sigla em inglês).
Conforme Barroso é importante para a China saber que "na integração europeia não há um passo atrás.... O debate é como podemos ampliar nossa integração, por exemplo, no novo passo dado em direção à união fiscal que impõe maior disciplina".
Por sua vez, o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, expressou no ato inaugural da exposição sua confiança na moeda única e repetiu que a China "está pronta para envolver-se mais nos esforços para resolver a crise da zona do euro".
O presidente do órgão regulador reconheceu que o problema da dívida soberana europeia danifica as exportações chinesas por ser a UE o principal mercado para as exportações do país e sua primeira fonte de tecnologia.
"Continuaremos investindo em bônus governamentais europeus e nos implicaremos mais na solução da crise. Temos confiança no euro", reiterou.
Van Rompuy e Barroso pediram hoje em Pequim "fair play" (jogo limpo) e melhor acesso ao mercado chinês para as empresas europeias estabelecidas na China e que enfrentam inúmeros obstáculos para competir com empresas locais em concorrências por contratos, além da falta de vigência da propriedade intelectual.
Como declarou ontem o primeiro-ministro, Wen Jiabao, "as empresas europeias viram crescer os lucros no mercado chinês e projetam mais investimentos, pois há muitas oportunidades".
"Daremos os passos necessários para atender as preocupações, para que as empresas estrangeiras gozem de tratamento nacional, assim como para melhorar a propriedade intelectual e o ambiente de investimento". Sobre esse último ponto foi negociado um tratado, destacou.
Wen pediu a UE que continue com os mercados abertos e coopere na troca de informações para a cooperação, com o tratado bilateral de investimentos como "uma sólida base".
O presidente da Câmara China-UE de Comércio, Davide Cucino, afirmou na sessão da cúpula dedicada aos negócios que "se a China desejar equilibrar sua economia aumentando o consumo doméstico, depender menos das exportações e abrir mais seu mercado, as economias de ambas as partes se aproximarão".
"A crise na zona do euro demonstrou a interdependência e as maciças oportunidades de negócio e investimento acessíveis, mas para isso as partes precisam trabalhar juntas para não responder com protecionismo, ao contrário, abrindo mercados e contribuindo para avançar em direção à solução da atual crise", concluiu Cucino. EFE