Tóquio, 11 set (EFE).- A economia japonesa cresceu 2,3% a ritmo
anual entre abril e junho, menos do estimado inicialmente, entre
vários sinais que a recuperação da segunda economia do mundo é ainda
frágil.
O Governo japonês revisou hoje para baixo o aumento do Produto
Interno Bruto (PIB) durante o segundo trimestre a um ritmo anual
mais lento que o 3,7% anunciado em agosto.
Com relação ao trimestre anterior, o crescimento do PIB entre
abril e junho foi de apenas seis décimos, contra 0,9% estimado em
agosto.
A queda do investimento de capital em 4,8% contra o anterior
trimestre -em vez de 4,3% anunciado antes- foi uma das causas dessa
revisão em baixa, pois entre abril e junho as exportações japonesas
cresceram 6,4%, um décimo mais do que inicialmente previsto.
A outra razão foi a queda dos estoques em 0,8% , frente à queda
de 0,5% anunciado em agosto.
A despesa dos consumidores, que supõe 55% do PIB, aumentou 0,7%
no trimestre anterior, um décimo menos do estimado previamente.
Em todo caso, Japão alcançou no segundo trimestre do ano sair de
sua recessão mais profunda desde o fim da Segunda Guerra Mundial,
que se prolongou durante os doze meses anteriores, graças à subida
das exportações e os planos de estímulo do Governo.
A revisão em baixa do PIB é um jarro de água fria para o futuro
Governo de Yukio Hatoyama, líder do Partido Democrático (PD), que
assumirá o poder na quarta-feira com uma política mais à esquerda
que a que manteve o PLD, ligado durante décadas ao meio empresarial
japonês.
É um novo sinal que a recuperação da economia japonesa poderia
não estar consolidada e não ser sustentável, como alertam muitos
analistas.
Esse lento crescimento do PIB se une, além disso, a outros dados
correspondentes ao mês de julho, posterior ao trimestre reportado
pelo Governo, que parecem dar-lhes a razão.
O desemprego se situou em 5,7%, o maior índice desde o final da
Segunda Guerra Mundial, a deflação alcançou o recorde de 2,2%, o
consumo dos lares caiu 2% e as exportações reduziram 37,6%, aspecto
preocupante para uma economia que se apóia muito em suas vendas ao
exterior.
A produção industrial, após quatro meses de aumentos
consideráveis, subiu em julho no Japão só 1,9% comparado ao mês
anterior, mas desceu 22,9% quando se leva em conta o mesmo período
de 2008 pela crise global.
Além disso, esta mesma semana se soube que os pedidos de
maquinaria caíram 9,3% em julho em relação ao mês anterior, seu
nível mais baixo desde abril de 1987.
Apesar dos indícios de recuperação dos mercados estrangeiros, as
perdas ou as quedas do lucro líquido das empresas japonesas no
segundo trimestre do ano obrigaram a limitar seus investimentos, o
que motivou uma queda de pedidos.
Os pedidos de maquinaria se consideram um indicador da despesa de
capital das empresas japonesas para os seis meses seguintes.
O ainda ministro da Economia, Yoshimasa Hayashi, opinou hoje que
"há ainda nuvens" sobre uma economia japonesa que faz frente a uma
"prova crucial", embora considerou que segue em vias de recuperação.
EFE