Bruxelas, 23 fev (EFE).- Altos cargos da Comissão Europeia afirmaram nesta quinta-feira que avisaram há anos para países como a Espanha e Itália sobre seus desequilíbrios macroeconômicos, mas negaram que a deterioração atual seja fruto do fracasso exclusivo de Bruxelas.
"O comissário Joaquín Almunia já havia alertado em 2008 (quando era responsável de Economia na Comissão Europeia) sobre os riscos de instabilidades orçamentárias e macroeconômicas que existiam", indicou em entrevista coletiva o porta-voz econômico da Comissão, Amadeu Altafaj.
O porta-voz destacou que o Executivo comunitário advertiu em diversas ocasiões antes da explosão da crise sobre as reformas estruturais que os estados-membros deveriam fazer, mas nem todos os países ouviram as recomendações.
Há países que nos anos de prosperidade usaram essa situação e a estabilidade ligada a ela "para fazer reformas e se adaptar ao cenário global de mudança, outros esconderam as reformas necessárias debaixo do tapete com pleno conhecimento de que o mundo estava se modificando", indicou.
Altafaj lembrou que naquela época a Comissão Europeia não contava com os instrumentos atuais de supervisão nem podia impor sanções aos países-membros da zona do euro, mas afirmou que fez advertências.
Segundo o porta-voz, falar de fracasso da Comissão Europeia nos últimos anos é "uma apresentação completamente incoerente da situação".
"Se existe um erro, isso é um problema coletivo, da Comissão Europeia, dos Governos, sua classe política e seus sindicatos", opinou.
O porta-voz comunitário se referiu ainda nesta quinta ao desemprego entre os jovens, principalmente preocupante em países como a Espanha.
A Comissão Europeia ressaltou a necessidade de "reformas sérias e globais", nas quais as medidas de estabilização fiscal sejam "compatíveis com o crescimento e com a criação de emprego", disse Altafaj.
Perguntado sobre a possibilidade de iniciar uma estratégia comunitária para amenizar o desemprego entre os jovens, Altafaj reconheceu "o tamanho do desafio" e acrescentou que são necessárias "muitas medidas, não apenas uma".
O porta-voz destacou que os mercados de trabalho "são muito diferentes entre si" e indicou que em países como a Espanha, onde um de cada dois jovens com menos de 25 anos está desempregado, "muitos dos problemas estruturais já existiam antes da crise" e foram intensificados posteriormente. EFE